A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) fez um alerta, na semana passada, sobre a perda de rentabilidade do produtor de cana-de-açúcar de dois anos para cá. Conforme o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA, Edson José Ustulin, para reverter este quadro a principal medida é reformular o Conselho de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool (Consecana). Esse sistema criou uma fórmula de remuneração, em 98, que hoje é irreal, diz. Ele explica que naquele tempo as usinas trabalhavam com perdas de 12%, índice utilizado para calcular quanto o produtor receberia por tonelada. As indústrias, porém, estão trabalhando com 4% de perdas. Os produtores não receberam esse repasse. Outra questão é em relação a subprodutos da cana como, por exemplo, o bagaço, que em 98 não tinha valor agregado. Os produtores deveriam ser remunerados pelo bagaço, afinal, são eles quem produzem essa matéria-prima. Nada mais justo, portanto, do que receber algo a mais por ele, analisa.
Ustulin lamenta também que o mercado tenha dois pesos e duas medidas para o repasse de preços referentes às diferenças cambiais. Quando o dólar dispara, no dia seguinte temos o repasse nos preços dos insumos. Mas, quando despenca, a queda de preços nunca acompanha o câmbio, diz. O produtor não quer briga com a indústria, apenas quer preço justo.