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Setor planeja investir R$ 800 milhões no Paraná

O volume é o mesmo de 2004, quando os preços dos principais produtos agrícolas bateram recordes históricos. As cooperativas paranaenses programam investimentos de R$ 800 milhões para 2005, praticamente o mesmo volume aplicado no ano passado, quando as cotações dos principais produtos agrícolas bateram recordes históricos. “Tivemos um ciclo de três anos de alta dos preços da soja e do milho e deveremos ter um período de dois a três anos de baixa. Mas o reflexo desse novo cenário nos investimentos deve se dar apenas a partir de 2006”, prevê Nelson Costa, superintendente adjunto do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

O cenário desfavorável deve reduzir o ritmo de crescimento da receita do setor, que em 2004 faturou R$ 18 bilhões, 16% mais do que no ano anterior. As previsões mais otimistas projetam um crescimento de 10% em 2005, sustentado principalmente no aumento dos volumes, segundo a Ocepar.

Nas exportações, prejudicadas pelo atual patamar de câmbio, a previsão é de manutenção dos volumes de 2004, que chegaram a US$ 1 bilhão, com embarques para mais de 60 países da Europa, Ásia, África, Estados Unidos e Oriente Médio. Os principais produtos exportados são grão, farelo e óleo de soja, frango, milho, café, açúcar, álcool, suínos, algodão, suco de laranja, queijos, conservas e legumes pré-cozidos. As cooperativas paranaenses recebem 60% da safra paranaense de grãos, o maior produtor nacional, que nesse ano deve colher 30 milhões de toneladas.

Elevação dos custos

Além da queda nos preços internacionais, principalmente da soja e do milho, outro fator de preocupação das cooperativas é a elevação dos custos de produção da safra 2004/2005 – em média de 20%. “Os insumos foram comprados ainda quando o dólar estava valorizado e os preços de fertilizantes, adubos e sementes estavam mais caros, por conta da demanda mundial. O produtor que pagou mais caro por esses produtos agora vai vender sua soja ou seu milho com preços mais baixos. Muitos produtores estão em uma situação muito ruim”, afirma Luiz Lourenço, presidente da Cooperativa Agroindustrial, de Maringá (Cocamar).

A cooperativa, que cresceu 15% no ano passado, quando atingiu receitas de R$ 1,154 bilhão, prevê uma evolução de apenas 4,4% para 2005, que deverá atingir R$ 1,205 bilhão. O volume de investimentos, que chegou a R$ 31 milhões, deve ficar em R$ 20 milhões em 2005.

A fábrica de sucos, que tem capacidade para produzir 3 milhões de litros por mês, é a única área industrial que vai receber investimentos. A intenção é dobrar a capacidade produtiva até o final do ano. Segundo Lourenço, boa parte dos recursos, no entanto, deve ser aplicada em melhorias de infra-estrutura de armazenagem.

Em 2005, segundo a Ocepar, pelo menos R$ 400 milhões deverão ser aplicados pelas cooperativas paranaenses em infra-estrutura para ampliar o espaço destinado para estocar a safra, cujo ritmo de escoamento nesse ano promete ser mais lento em função dos menores preços no mercado.

Falta de armazéns

Os investimentos, contudo, são suficientes para ampliar em apenas 5% a capacidade dos armazéns, hoje em 12 milhões de toneladas, segundo Costa. O déficit do setor está estimado em 3 milhões de toneladas. O problema de armazenagem se agrava a cada ano para as empresas não apenas pelo aumento da produção nacional, mas também pelo crescimento do número de cooperados.

Em 2005 o volume de associados do setor cooperativista no Estado do Paraná cresceu 15%, chegando a 350 mil pessoas distribuídas em 210 cooperativas de diversos setores. “Os dirigentes das cooperativas estão preocupados com essa nova demanda”, diz Nelson Costa.

Com 18 mil cooperados, a Coamo Agroindustrial Cooperativa, de Campo Mourão (PR), considerada a maior cooperativa integrada da América Latina, resolveu concentrar todos os seus investimentos previstos para este ano na área de armazenagem. Com faturamento de R$ 3,9 bilhões no ano passado, a Coamo vai investir R$ 112 milhões – mesmo volume de recursos aplicados em 2004 – para ampliar em 10% sua capacidade que deverá atingir 3,4 milhões de toneladas.

Carnes

Além da armazenagem, o setor de carnes é outro destaque dos investimentos em 2005. A cooperativa C.Vale, de Palotina, que faturou R$ 1,28 bilhão no ano passado, está investindo R$ 240 milhões para duplicar sua capacidade de abate de frangos, para 300 mil aves por dia.

Com atuação nos estados do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraguai, a cooperativa apresentou crescimento de 9,7% no ano passado. Para esse ano, a C.Vale prevê um resultado positivo de 4,45%, com receitas de R$ 1,337 bilhão.

Outra cooperativa que está investindo no setor de carnes é a Coopavel, de Cascavel. Segundo seu presidente, Dilvo Grolli, a cooperativa planeja aplicar R$ 20 milhões para dobrar sua capacidade de abate de frangos, que hoje é de 140 mil para 280 mil aves por dia. Ele informa que outros R$ 15 milhões serão aplicados em uma unidade de produção de ração, com capacidade para processar 60 toneladas/dia. Ainda prevê o investimento de R$ 10 milhões para produzir matrizes de suínos.

A Coopavel, que no ano passado faturou R$ 773 milhões, o que representou um crescimento de 18% sobre o ano anterior, prevê um resultado 5% superior para 2005. O aumento será sustentado principalmente pela venda de insumos e pelos resultados na área de carnes. “O Brasil vem ganhando destaque como um exportador de frango, que é uma atividade que fomenta a cadeia da soja e do milho”, diz Grolli. Atualmente a Coopavel exporta 50% da produção de frango.

Além da ampliação da atividade avícola, a cooperativa está ingressando na produção de carne bovina e inaugura em março um frigorífico com capacidade para abater 200 unidades por dia.