Mercado

Impasse marca início da safra da cana

A safra da cana-de-açúcar começa oficialmente na segunda-feira na região de Ribeirão Preto com um impasse entre as usinas e os fornecedores da matéria-prima. O início da moagem de cana foi antecipada em um mês neste ano pelo risco de desabastecimento de álcool no país.

No Estado de São Paulo, 25% da cana moída pelas usinas vem de produtores independentes. Na região, que é responsável por 27% da cana-de-açúcar brasileira e 40% do Estado, cerca de 30% de toda a matéria-prima é entregue pelos fornecedores.

O assessor de economia e planejamento da Única, Antônio de Pádua Rodrigues, disse que a redução do ATR neste ano será de apenas 3%, caindo para cerca de 142 kg por tonelada.

Os fornecedores de cana reclamam que a possibilidade de desabastecimento de álcool ocorreu porque as usinas preferiram produzir mais açúcar do que álcool no ano passado, período em que o preço do produto no mercado internacional estava vantajoso.

No ano passado, de acordo com a Única, 52% da cana colhida foi usada na produção de açúcar e 48% na produção de álcool. A proporção, no entanto, já foi invertida. Em 96, por exemplo, 64% da cana ia para a produção de álcool e 36% para o açúcar. O Brasil foi responsável por 34,94% de todo o mercado mundial de açúcar.

Para este ano, as próprias usinas estão prevendo que o país participe desse mercado com 28,47%, o menor índice desde 2000, por causa da produção maior de álcool em virtude do acordo com o governo.

Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), afirmou que os produtores não podem ser responsabilizados pela falta de álcool, mas tentou minimizar o impasse.

“O fornecedor também vai perder se faltar álcool. Nós fizemos uma reunião na sexta-feira passada e pedimos todo o empenho dos produtores para que continuem participando da cadeia produtiva. Eu sei de fornecedores que vão entregar cana. Dentro da racionalidade, vamos fazer”.

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