Uma linha de pesquisa liderada pelo professor Fernando Dini Andreote, do Departamento de Ciência do Solo (LSO) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), defende que a análise da comunidade microbiana presente nos solos dos canaviais, podem gerar o aumento da produtividade e da sustentabilidade nas culturas. Devido à falta de informação e a insuficiência de estudos feitos sobre essas comunidades, o docente deu início ao projeto “Diversidade microbiana em solos com cultivo de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo: um enfoque biogeográfico”.
Com auxílio dos alunos Ademir Durrer, doutorando em Microbiologia Agrícola e Thiago Gumiére, mestrando em Solos e Nutrição de Plantas, o professor pretende englobar os grupos de arquéias, bactérias e fungos presentes nos canaviais do Estado de São Paulo, por meio de um enfoque biogeográfico.
Aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto deve quantificar e analisar a estrutura destas comunidades e determinar a afiliação filogenética dos organismos, correlacionando sua estrutura com os dados físico-químicos dos solos, as práticas de manejo de cada uma das regiões e a produtividade da cultura.
Segundo Andreote, as principais comparações confrontarão as áreas de cultivo previamente demarcadas pelo zoneamento agrícola, além de englobar também as áreas de expansão desta cultura por todo centro-sul de nosso país.
Em campo
O trabalho vai enfatizar coletas de amostras do solo, e os pesquisadores analisarão físico-quimicamente e extrairão o DNA e RNA das comunidades. Em seguida será feita a quantificação microbiana por qPCR, o estudo da estrutura de comunidades por T-RFLP, o pirosequenciamento e a identificação da comunidade microbiana e, finalmente, as análises estatísticas e bioinformáticas.
A pesquisa também pretende mapear o solo baseado na distribuição geográfica dos organismos vivos, os quais podem interferir diretamente no desenvolvimento da planta. “Espera-se que, no futuro, seja possível indicar práticas agrícolas que promovam o desenvolvimento de grupos microbianos benéficos às plantas. Assim, poderemos ter uma produtividade mais sustentável, diminuindo o input de energia no sistema e estimulando mecanismos naturais que ocorrem na área”, conclui.