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Mudança do petróleo para biomassa deverá ocorrer gradativamente

A substituição total dos combustíveis derivados do petróleo para os biocombustíveis não deverá acontecer prontamente, mas sim por etapas. “Nós queremos dar um salto muito grande do petróleo para a biomassa. E isso não vai acontecer, pois esse processo deve ocorrer por partes”, afirma o Professor Carlos Alberto Gurgel, que trabalha no Laboratório de Energia e Ambiente e é chefe do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UNB), durante a apresentação “A tecnologia de gaseificação de biomassa como forma de aproveitamento energético de resíduos orgânicos”. “A mudança do carvão para o petróleo também foi um processo lento”, compara.

Gurgel relembra os estágios energéticos pelos quais a humanidade passou e que a madeira foi a primeira biomassa utilizada pelo homem, além de confirmar a expectativa de que os biocombustíveis se consolidem como importante fonte energética e aumentem sua participação nas matrizes de energia do Brasil e do Mundo: “da madeira, passamos para o carvão. Do carvão, passamos para o petróleo. E o que há de irônico nisso é que estamos retornando para a biomassa”. De acordo com ele, o apelo mais forte da bioenergia ainda é o ambiental e não o econômico, além da necessidade de encontrar tecnologias capazes de viabilizarem esse processo de mudança. “Nós temos uma série de gargalos no Brasil que são muito mais tecnológicos do que científicos, que é ter o conhecimento sem conseguir coloca-lo em prática, mais especificamente na área de Engenheira”, aponta.

Contudo, o Brasil, apresenta algumas vantagens para se fortalecer no mercado de bioenergia, não somente por causa da cultura energética que está se modificando, mas também por conta dos incentivos para se produzir energia de maneira sustentável, de modo a minimizar os impactos na natureza. “O Brasil tem uma vantagem estratégica ao entrar nesse mercado, pois já tem uma democracia consolidada. A visita do presidente dos Estados Unidos Barack Obama ao Brasil mostra isso e tem a ver com isso”, explica.