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Novo conceito de plantio promete reduzir 15% dos custos; Guaíra será pioneira no uso da tecnologia

A partir de agora as usinas poderão contar com um processo de plantio diferenciado com gemas sadias, pureza varietal, tratamento de rastreabilidade, maior produtividade com práticas mais simples de sustentabilidade e redução de custos de aproximadamente 15%. Todas essas vantagens serão proporcionadas pela empresa Syngenta, que lançou oficialmente no mercado na última sexta-feira (6), a tecnologia Plene. Na ocasião, a empresa assinou com a Usina Guaíra, o primeiro contrato comercial, para serem cultivadas a nova tecnologia em 4,5 mil ha entre 2011 e 2014.

No sistema, desenvolvido por pesquisadores brasileiros durante cinco anos, o cultivo é feito por meio de gemas de aproximadamente quatro centímetros, o que revoluciona o sistema convencional quando a cana era plantada com mudas de 40 cm. As gemas já são tratadas com defensivos e a produtividade pode aumentar de cinco a 15 toneladas por hectare. A plantadeira foi desenvolvida pela empresa americana John Deere. Inicialmente a tecnologia estará a disposição dos produtores do Centro-sul do país através de sua fábrica de Itápolis (SP).

De acordo com o gerente comercial da Syngenta, Márcio Farah, o Plene chegou para mudar a prática de 500 anos de plantio. “Nesses anos, o setor plantou da mesma forma, em grandes sulcos, utilizando uma grande quantidade de mudas e o Plene chegou para mudar isso. Produziremos com qualidade superior, fornecemos os toletes tratados e deixaremos para a usina o processo de plantio”, informa.

Farah afirma que a Syngenta negocia uma carteira de US$ 200 milhões para a comercialização da tecnologia Plene de toletes de cana com mais 17 usinas do país. O montante previsto inclui o contrato da Guaíra.

O gerente comercial explica que a simplificação do plantio vai facilitar o trabalho das máquinas, trazer benefícios ambientais, pois vai trabalhar com plantio na palhada. “A tecnologia está adaptada às diferentes variedades plantadas”, diz.

Vantagens

O sócio-diretor da Usina Guaíra, Eduardo Junqueira da Motta Luiz, explica que a tecnologia representa uma revolução e que trará retorno imediato. “Não preciso mais me procupar com o plantio. Faço um plantio rápido, fácil e com a cana que eu quiser, eu projeto e eles me entregam esses toletes. Hoje eu gasto 16 a 18 toneladas de cana para cultivar em um viveiro de 600 ha. Não vou me preocupar mais com isso porque com o Plene, vou receber uma tonelada e meia por ha e vou destinar os 600 ha para produzir açúcar, etanol e energia”, diz.

Segundo o empresário, a muda de cana produzida pela Usina não tem a mesma qualidade fornecida, além de ser mais fácil para plantar, inclusive em períodos de chuva. “O custo é semelhante ao convencional e com o tempo poderá ser menor. O tempo de plantio deverá ser feito em 60 dias, quando o convencional é 90 dias”.

O primeiro plantio comercial da Guaíra está programado para outubro de 2011 e fevereiro de 2012, em uma área de 500 ha, na primeira fase, até atingir os 4,5 mil ha.

Outra vantagem para o industrial é a questão da menor longevidade do canavial com produtividade. “Acredito que o ciclo será menor, de cinco a seis cortes, sem precisar expandir em tamanho de área e com maior produtividade de até 130 ton/ha. No futuro, possivelmente essa cana terá maior teor de sacarose e grande resistência à seca”, comenta Junqueira.