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Empresas de capital aberto lucram mais de 31% no primeiro trimestre

60 empresas de capital aberto de 13 setores diferentes da economia apresentaram crescimento médio no lucro líquido da ordem de 31,9% no primeiro trimestre de 2010 contra o mesmo período de 2009. A informação é da Austin, empresa especializada em serviços financeiros. “Mesmo considerando a mediana das variações dos lucros trimestrais, medida que exclui as variações extremas (tanto para maior, quanto para menor), o valor ainda é significativo: 10,9%”, explica a empresa.

De acordo com a Austin, o resultado fica ainda mais expressivo quando confrontados os resultados acumulados dos dois períodos (1ºTrimestre de 2010/1ºTrimestre de 2009): alta de 41,6%. No primeiro trimestre de 2009, o valor acumulado dos resultados financeiros foi de R$ 13,740 bilhões (entre lucros e prejuízos), contra R$ 19,767 bilhões no primeiro trimestre deste ano.

“Chamou-nos a atenção não apenas pelos resultados apresentados de crescimento do lucro das empresas, mas o fato de o Ibovespa valorizar-se apenas 2,60% no primeiro trimestre deste ano contra 9,0% no primeiro trimestre de 2009. Ou seja, se considerarmos que o preço da ação é composto pelo valor presente de mercado da empresa e pela expectativa de crescimento desta em relação, por exemplo, as vendas, então conclui-se que a expectativa dos investidores em relação ao desempenho das empresas no primeiro trimestre de 2009 era melhor que no primeiro trimestre deste ano”.

Além disso, entre as 60 empresas pesquisadas ao menos 13 delas apuraram prejuízo em 2009 no total de R$ 1,302 bilhão, e em 2010 foram apenas 7 empresas com prejuízo no valor acumulado de R$ 179,6 milhões (pouco mais de 7 vezes menor o tamanho do prejuízo de 2009). Em tempo, o PIB brasileiro anotou retração de 0,2% em 2009 e a estimativa para 2010 é de expansão (quase chinesa): 7%.

Nesse contexto, segundo a Austin, alguns investidores podem questionar por quais motivos então a bolsa de valores não deslanchou ainda este ano. Parte da resposta está condicionada ao fato de o Brasil hoje estar em um nível de globalização financeira maior que no passado, ou seja, há um número maior de investidores e de empresas com ações negociadas no mercado de renda variável no País, fato que acelera a velocidade de mobilidade do capital, bem como maior volatilidade nos ativos em momentos de incertezas como o atual, dizem os especilialistas da Austin.

Outra parte da resposta cabe à irracionalidade dos investidores que, em momentos de incertezas, a emoção se sobressai à razão. “Para tanto, tomemos como exemplo a ocorrência de um erro de um operador na b olsa nos Estados Unidos que incorreu em queda de mais de 6% no Brasil, porém, sem qualquer constatação do real motivo da queda histórica da bolsa em NY (-10%), os operadores por aqui se desfizeram rapidamente de suas posições. Portanto, confirmaram a tese da velocidade da mobilidade de capital na era das finanças globalizadas. Isso sem falarmos dos problemas em Dubai, Grécia, entre tantos outros (e.g. PIIGS)”, enfatizam.

Por fim, explicam os especialistas, que tudo isso, apenas confirma que, na maioria das vezes, o mercado age de forma irracional, mesmo a luz da racionalidade dos fatos, e o resultado, invariavelmente, para cima ou para baixo, nada mais é que o chamado “efeito manada”.