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Produtores do NE buscam padronização dos custos de produção de cana

O debate com grandes produtores de cana do Estado, que aconteceu na última segunda-feira (10), na sede da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan) em parceria com a Confederação Nacional de Agricultura (CNA), contribuiu para o preenchimento de uma planilha que resultou no Custo Operacional Efetivo (COE) por tonelada de cana produzida no Estado. A ação faz parte do projeto Campo Futuro.

O resultado do encontro será apresentado em um painel com associações regionais para estabelecer um COE padronizado dos custos de produção em todo o Nordeste. Na ocasião, grandes fornecedores, além de técnicos e representantes de usinas que estavam presentes puderam debater detalhadamente com representantes do projeto Campo Futuro quais foram, em média, os maiores custos dos produtores do início ao fim do processo de plantio da Safra 2009/2010. Na Paraíba os maiores custos do processo de produção da cana são para insumos, seguido da mão-de-obra.

De acordo com um estudo realizado pela CNA em parceria com a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) referente à safra 2008/2009 a baixa produtividade mostrou-se como fator preponderante para o mau desempenho da lavoura nordestina. A pesquisa também destacou que a maior participação no custo total de produção do Nordeste são os insumos e a mão de obra. O resultado do debate desta segunda não destoou da pesquisa, mesmo sendo representativo à safra 2009/2010. “De acordo com os produtores foram gastos, em média, R$ 20,00 por tonelada, representando 29,5% do custo total para a compra de insumos e foram gastos R$ 15,00 por tonelada no pagamento de mão de obra. Até o final de maio esses resultados passarão por validações em todo o Nordeste para que resulte em um preço que represente a realidade da região”, explicou Leonardo Botelho, representante do projeto Campo Futuro que conduziu o debate.

Inicialmente foi estabelecido o perfil de produtores que seriam abordados na pesquisa que são aqueles que produzem acima de 10 mil toneladas de cana. “Esses produtores são a referência desta pesquisa porque trabalham com os custos reais de uma produção com impostos e esforços próprios. Os pequenos produtores produzem em outra realidade e muitas vezes as usinas assumem certos custos do processo de produção”, explica José Inácio, ex-presidente da Asplan e um dos maiores produtores de cana da Paraíba.

Durante o preenchimento da planilha os presentes mencionaram que o resultado representaria o que seria ideal no processo de produção, sendo que a maioria dos produtores não têm condições de aplicar o ideal na sua propriedade. “O cálculo que resultou deste debate representa a realidade de uma situação ideal. Se, por exemplo, fosse aplicado a quantidade certa e necessária de insumos (fertilizantes e herbicidas) nas plantações, os produtores não sobreviveriam, por isso eles cortam custos nestes itens, mas terminam comprometendo a produtividade na safra”, explicou o técnico da Asplan, Thybério Luna Freire.

De acordo com um levantamento de preço feito pela Companhia Nacional de Desenvolvimento (CONAB) referente à safra 2008/2009, o custo da cana por tonelada teria ficado em torno de R$ 40,00, preço bem abaixo do que foi acordado como realidade entre os produtores paraibanos. “Vamos continuar lutando para que o governo aceite o preço que representa a realidade dos produtores de cana da Paraíba. O resultado que chegamos neste debate, que ainda sofrerá validações em reuniões regionais e ajudará a unificar os preços da cana no Nordeste e padronizar futuras subvenções do setor”, disse o presidente da Asplan, Raimundo Nonato Siqueira. (Com informações da assessoria da Asplan)