A consultoria Datagro, uma das mais importantes em açúcar e álcool do país, revisou para baixo suas estimativas de moagem de cana para a safra 2008/09. Para o Centro-Sul, a moagem deverá cair de 495 milhões de toneladas para 480 milhões de toneladas. A produção no Brasil está estimada em 542 milhões de toneladas, mas 32 milhões de toneladas extras ficarão em pé nos canaviais.
O clima chuvoso durante maio foi um dos motivos da redução da moagem. O outro reflete o menor número de usinas em operação nesta safra. A expectativa era de que 35 novas unidades entrassem em operação este ano. Até o momento, só 13 deram início ao processamento. Quatro novas usinas – duas no Mato Grosso do Sul e outras duas em Goiás – já adiaram para o iníco de 2009.
Os preços do álcool devem ficar firmes para este ano até o finaol da entressafra, em abril de 2009. A oferta menor de açúcar no mercado internacional e a forte demanda pelo combustível sustentam os preços.
Levantamento da Datagro mostra que o preço equivalente do álcool hidratado em contratos de açúcar em Nova York está em 14,62 centavos de dólar por libra-peso. Os do anidro estão em 16,85 centavos.
O mix de produção será alcooleiro até o fim da safra 2008/09. A expectativa da Datagro é que 61% da cana seja destinada ao álcool.
O quadro de oferta e demanda global de açúcar deverá registrar déficit a partir da safra 2008/09, que tem início em outubro e vai até setembro de 2009. “O Brasil está com a produção estagnada de açúcar há três safras”, diz Nastari.
Com isso, a combinação de menor oferta de açúcar e demanda aquecida por álcool resultará em maior remuneração para as usinas nesta safra. “Cerca de 90% a 95% das usinas já estão com os preços de exportação fixados entre 11,5 e 13,5 centavos de dólar por libra-peso, ante 9,5 e 10 centavos da safra 2007/08”, afirma o especialista.
Mesmo com uma remuneração melhor nesta safra em relação ao ciclo 2007/08, Nastari observa que os custos do setor sucraolcooleiro subiram nesses últimos anos. A Datagro estima custos em torno de 13,5 centavos de dólar por libra-peso, ante 5,5 centavos há pelo menos três anos. “Os preços dos fretes subiram quase 45% nesta safra [em relação à passada] muito e a logística de escoamento de cana, açúcar e álcool também está no limite, com a maior demanda por grãos.”
Outro fator que encarece os custos é a forte alta da taxa de elevação (transporte do álcool do terminal até o navio) no porto de Santos, que registrou um aumento de 41,9%, de US$ 15,50 por mil litros para US$ 22 por mil litros.