Técnicos e pesquisadores da Embrapa, Emater, Fepagro e Unicamp se reuniram ontem (21), em Campinas, SP, para discutir a viabilidade da cultura canavieira no Rio Grande do Sul. A reunião gerou um relatório que será enviado ao Mapa (Ministério da Agricultura), solicitando a inclusão daquele estado no zoneamento da cana-de-açúcar.
De acordo com o assistente técnico Estadual de Agroenergia da Emater, Alencar Rugeri, o encontro contribuiu para quebrar o paradigma de que a cultura não é produtiva no estado gaúcho. “Evoluímos bastante. A tendência é que o Rio Grande do Sul seja incluído (no zoneamento). Não tenho dúvida que temos potencial semelhante aos demais estados”.
O deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), um dos defensores do zoneamento da cana no RS, afirma que os canaviais podem ocupar de 130 mil a 150 mil hectares do território gaúcho, área que pode ser incluída no estudo agroclimático do Mapa.
O parlamentar destaca o potencial gaúcho para cana nas regiões de São Borja, Tenente Portela, Santo Antônio da Patrulha, entre outras localidades. “O Rio Grande do Sul pode ser auto-suficiente na produção de álcool. Temos condições de cultivar até 100 mil hectares de cana para produção de etanol e outras 50 mil para açúcar, pensando apenas no mercado interno”, argumenta.
Pioneirismo
A Noroesthe Bioenergética, Norobios, anunciou em 2007 a instalação da primeira usina de álcool do Rio Grande do Sul, nas proximidades do município de São Luiz Gonzaga, noroeste gaúcho, a 500 quilômetros de Porto Alegre. Os investimentos são da ordem de 195 milhões.
A usina pretende produzir 100 mil m³ de álcool hidratado por ano para atender parte da demanda do Estado, projetada em aproximadamente 650 mil m³ de álcool por ano. O empreendimento deve gerar 1,54 mil empregos, sendo 240 na indústria, 400 no campo e 900 postos indiretos.
Em uma área de 16 mil hectares, entre os municípios gaúchos de São Luiz Gonzaga, Rolador, São Nicolau, Bossoroca e Santo Antônio das Missões, está prevista a produção anual de 1,3 milhão de toneladas de cana-de-açúcar. A usina deverá cogerar 10 MW de energia na primeira fase e 72 MW em uma segunda etapa.
A região já se prepara para oferecer mão-de-obra especializada. A URI (Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões), unidade de São Luiz Gonzaga, criou em 2007 o curso para formação de tecnólogos em Produção Sucroalcooleira. Informações podem ser obtidas no site www.saoluiz.uri.br.