Apesar do governo federal ter agendado o novo aumento dos combustíveis para abril de 2001, o álcool e a gasolina vão ficar mais caros ainda este mês. Os reajustes vão variar de 6% a 8% para o álcool anidro e cerca de 0,5% para a gasolina e são resultados do repasse para o consumidor da alta média de 5% no preço do álcool nas usinas.
Para a gasolina – que tem 20% de sua composição à base de álcool anidro – o reajuste máximo será de um centavo por litro. Esse R$ 0,01 é a estimativa para São Paulo. No Rio deve ser menor e alguns lugares, como a Bahia, não haverá aumento. Considerando o preço médio de R$ 1,60 por litro, a variação média fica em torno de 0,5%.
No caso do álcool hidratado, estima-se alta de 6% a 8%. O impacto do reajuste do álcool acaba sendo menor em função do consumo. Isso porque, o volume de álcool hidratado consumido no país corresponde a 17% do de gasolina: são cerca de quatro bilhões de litros de álcool por ano, contra 23,5 bilhões de litros de gasolina.
O consumo de gasolina caiu 7% neste ano e o do álcool 29%. A forte queda é decorrente dos aumentos de preços dos combustíveis aliados à queda da renda dos trabalhadores, e ao comércio ilegal de combustíveis. O comércio ilegal cresceu muito neste ano, com a adulteração de produtos e sonegação de impostos que chega a R$ 1,6 bilhão em 2000.
Somente no mercado de álcool as distribuidoras estimam que cerca de 35% das vendas de álcool são ilegais, cerca de dois bilhões de litros, representando uma sonegação de impostos de R$ 900 milhões.
As vendas de gasolina das empresas filiadas ao Sindicom caíram 11%, enquanto que das não filiadas cresceram 5%. Já as vendas de álcool pelas empresas do Sindicom caíram 40% e as não filiadas tiveram uma queda de 11%, neste ano.
Luiz Gonzaga Bertelli é diretor do DEINFRA (Departamento de Infra-estrutura Industrial).