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Feicana/FeiBio: etanol de cana pode ser negócio da China

As relações comerciais entre Brasil e China, que completam 34 anos, e a possibilidade de novos negócios referentes ao etanol de cana-de-açúcar foram destaques ontem (27) no workshop Brasil e China, dentro da programação da Feicana/FeiBio 2008, que termina hoje em Araçatuba, SP.

Os dois países possuem um laço de cooperação técnica e comercial no segmento de álcool combustível, o que, segundo especialistas, pode ser uma excelente oportunidade para que o bioetanol brasileiro ganhe espaço no mercado mundial. De acordo com o consultor internacional sobre energia e meio-ambiente, Sérgio Campos Trindade, a adição do etanol à gasolina usada nos veículos chineses reduziria significativamente a emissão de poluentes na atmosfera. A China está na lista dos maiores emissores de poluição do planeta.

Trindade, que foi um dos palestrantes do workshop, lembrou que o consumo de gasolina na China tem uma taxa de crescimento anual de 9,2%, motivo de preocupação para o especialista, que defende com unhas e dentes o uso de energia limpa. A China é a terceira maior produtora mundial de etanol, porém usa o milho como matéria-prima principal. A produção representa apenas 2% do consumo interno.

Segundo Trindade a intenção inicial do governo chinês era aumentar o consumo de etanol de 1 milhão para 2 milhões de toneladas em 2010 e pra 10 milhões até 2020. Porém, segundo ele, o aumento da produção do combustível a partir do milho teria um preço alto, pois o grão é o principal alimento destinado aos porcos, carne de maior consumo no país asiático.

De acordo com Trindade, como a China já compra petróleo do mercado externo, a importação de etanol torna-se a opção mais viável para suprir o aumento da inevitável demanda. O Brasil pode estar na mira desse raciocínio, mesmo que os tigres asiáticos possuam outras fontes de energia limpa, mas que, por sua vez, pode demandar muito tempo para ser produzida.

Bom senso

Sérgio Trindade, que é acredita que é mundialmente reconhecido por seu trabalho em energias alternativas e renováveis, “as negociações com relação ao etanol aguardam apenas que as vontades se tornem ações práticas”. A afirmação é compartilhada com o diretor presidente da Udop, José Carlos Toledo, que defende uma ampla divulgação mundial sobre do etanol de cana. “O etanol é hoje a principal alternativa para os países que querem, por exemplo, reduzir as emissões de carbono. É uma questão de bom senso”, observa.

O presidente-executivo da Udop, Antônio César Salibe, aproveitou a presença do cônsul-geral da China em São Paulo, Sun Rongmao, e de outros representantes chineses no workshop, para pedir que o governo daquele país incentive a mistura de etanol à gasolina. “Se fizer isso, a população vai sentir as vantagens e a parceria entre os dois países crescerá”, afirmou.

Durante o workshop, Sun Rongmao disse que economia chinesa tem crescido 9,6% ao ano na última década e chegou a alcançar 11,4% em 2006. Ele também citou números gerais sobre comércio exterior e revelou o interesse do governo chinês em aumentar os investimentos e encorajar a exploração de novas fontes de energia.

O cônsul lembrou que as relações comerciais entre Brasil e China se tornaram estratégicas há 15 anos. De acordo com Rongmao, o Brasil é hoje o maior parceiro chinês na América Latina. “São dois países que têm interesses comuns e a China tem interesse em discutir para intensificar essas relações, principalmente no que diz respeito à agricultura e telecomunicações”, comentou.