O secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Manoel Bertone, disse que a produção de cana-de-açúcar tem crescido a uma taxa média de 11% ao ano nos últimos cinco anos. Ele ressaltou que a produção de álcool teve um incremento de quase 20% nesta safra, motivada pelas vendas de carros flex-fuel, frota que representa 90% dos veículos novos fabricados no país em 2007.
Segundo Bertone, o setor produtivo se estrutura para atender a uma eventual expansão dos mercados mundiais para etanol e biodiesel. “Por enquanto, o fator determinante para o crescimento da oferta ainda é o mercado doméstico”, disse. “O ano de 2008 é considerado estratégico para o setor sucroalcooleiro, tanto pela demanda do álcool no mercado interno, como pela recuperação dos preços do açúcar no mercado internacional”.
De acordo com o secretário, a safra 2008/09 também deverá registrar crescimento na produção. O álcool hidratado deverá ser o principal produto da cana-de-açúcar. “Haverá aproximadamente 20 novas unidades iniciando a operação, produzindo, principalmente, álcool. E a performance da indústria automotiva, que em 2007 colocou quase dois milhões de veículos flex-fuel nas ruas, sugere que o mercado interno continuará aquecido. Com os preços competitivos, o álcool hidratado deverá ser a melhor alternativa para as unidades produtoras”, disse.
“Enquanto a produção de açúcar e álcool anidro repetiu os números da safra passada, a oferta de álcool hidratado cresceu 40%”. A produção de hidratado alcançou recorde, ao superar 12 bilhões de litros e absorver as 50 milhões de toneladas de cana adicionais da atual safra.
Em 2008, será concluído o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar (ZaeCana), que servirá de base para as políticas públicas e o ordenamento da expansão canavieira no país. “O Brasil mostrará que sua política é baseada na sustentabilidade e reafirmará sua liderança na produção do etanol no mundo”, disse o secretário.
Exportações
Embora seja esperada uma recuperação nos preços internacionais do açúcar a partir do final de 2008, o secretário prevê que as receitas e os volumes exportados deverão se manter em níveis muito próximos dos observados neste ano.
Apesar dos preços do açúcar não terem repetido os bons desempenhos dos últimos anos, Bertone afirma que as exportações do produto atingirão US$ 5 bilhões, o equivalente a cerca de 19,5 milhões de toneladas. Já as exportações de álcool deverão alcançar US$ 1,4 milhão, com 3,6 bilhões de litros, um leve crescimento em relação aos 3,4 bilhões exportados em 2006.
“Os Estados Unidos continuam sendo os maiores importadores de álcool, com 1,9 bilhão de litros (sendo 900 milhões diretamente e 1 bilhão, via Caribe), seguidos pelos Países Baixos, com 700 milhões e Japão, com 380 milhões de litros”, complementa o secretário.
Biodiesel
Desde o dia 1º de janeiro, a mistura de 2% de biodiesel ao diesel mineral (B-2) é obrigatório. De acordo com Bertone, para garantir as metas, o Governo, terá que avançar na organização dos produtores rurais e estimular o aumento da oferta de matérias-primas para garantir o abastecimento do setor industrial a preços competitivos.
O secretário explica que a adoção de políticas públicas voltadas para o incremento da oferta dessas matérias-primas, em uma ação articulada com o setor industrial, deverá contribuir para a consolidação do biodiesel na matriz energética nacional, com geração de emprego e renda aos pequenos produtores.
De acordo com o diretor de Cana-de-Açúcar e Agroenergia da SPAE, Alexandre Strapasson, para subsidiar os investimentos na produção de matérias-primas para o biodiesel, o Mapa está investindo no zoneamento de risco climático, identificando o potencial de cada região para a produção de oleaginosas.
“Foram publicados estudos para o algodão, amendoim, dendê, girassol, mamona e soja”, informa. Strapasson acrescenta que o Ministério, por meio da Embrapa, tem investido fortemente na pesquisa agrícola de culturas de oleaginosas para a produção de biodiesel.