
A semana passada começou com um ambiente macroeconômico baixista. De acordo com Lívea Coda, analista da Hedgepoint Global Markets, a escalada do conflito no Oriente Médio, aliada às preocupações com os resultados do IPC dos EUA, aumentaram a percepção de risco no mercado, alinhando-se com a tendência observada desde o início de 2024.
“A melhoria dos rendimentos do Tesouro dos EUA pode criar mais barreiras para que os investidores adicionem ativos mais arriscados a seus portfólios. A ideia de que o Federal Reserve adiará os cortes nas taxas de juros fortaleceu o dólar, criando um ambiente mais desafiador para os participantes do mercado de commodities, principalmente naqueles em que os fundamentos não são fortes o suficiente, como o açúcar”, explica a analista.
“Outro resultado desse ambiente macroeconômico baixista é o desafio que alguns países emergentes enfrentam. Por exemplo, o Real brasileiro sofreu uma desvalorização de aproximadamente 4% em abril. Essa desvalorização se traduz em retornos mais altos para as exportações, contribuindo para manter um ritmo de exportação saudável, mesmo com algumas correções nos preços do açúcar”, ressalta.
LEIA MAIS > Kracht: A busca por uma agricultura de alta performance
“Além do cenário macroeconômico, a semana foi marcada pelo vencimento do contrato de maio do açúcar branco. Seu preço final foi de 615 USD/t, e o spread entre os contratos de maio e agosto fechou em um inverso de 35 USD/t. Um total de 314kt de açúcar foi entregue, marcando o nível mais alto desde pelo menos 2021”, comenta.
“A maior parte do volume foi entregue pelos Emirados Árabes Unidos, com contribuições significativas também da Índia e do Brasil. Notavelmente, essa expiração foi a primeira aparição nos últimos anos da Polônia e da China entre os fornecedores – uma participação bastante intrigante!”, destaca.
LEIA MAIS > Com novas altas, saca do cristal retoma patamar de R$ 150

“Conforme discutido em relatórios anteriores, após a remoção das tarifas sobre o açúcar ucraniano pela Comissão Europeia, as importações aumentaram para mais de 400kt em 22/23 e espera-se que aumentem ainda mais, para 650kt em 23/24, reduzindo os preços domésticos do açúcar na EU”, acredita.
Esse aumento da importação provocou protestos em toda a Europa, especialmente na França e na Polônia, por parte de produtores preocupados com os preços na região. No entanto, a UE estendeu seu acordo temporário de livre comércio com a Ucrânia até junho de 2025, com algumas salvaguardas.
LEIA MAIS > Goiás deverá moer 79 milhões de toneladas de cana na safra 2024/25

Quanto a China, o país comprou açúcar bruto em dezembro, quando os preços permitiram a arbitragem de importação em seus estados não produtores, estimada em 20,5 c/lb. Consequentemente, a alfândega chinesa registrou o maior volume de importações entrando no país em janeiro e fevereiro, o que proporcionou um piso para os preços do açúcar bruto no mercado.
“Com a aceleração do ritmo de safra da China e considerando sua capacidade de refino, não é de surpreender que os traders procurem capitalizar os preços atuais do açúcar branco, especialmente com os fundamentos sugerindo uma possível correção à frente”, observa Lívea.
“As previsões otimistas sobre a produção de açúcar no Hemisfério Norte para a temporada 24/25, uma região conhecida por fornecer principalmente brancos, estão reforçando a atual tendência de baixa. O contrato de agosto não conseguiu se recuperar para os níveis anteriores ao vencimento de maio e continua significativamente mais baixo do que os 750 USD/t registrados no final de 2023”, analisa.
LEIA MAIS >Sistemas de irrigação começam a se consolidar em São Paulo

“Consequentemente, para a temporada 2024/25, prevemos um modesto superávit no balanço global de açúcar, estimado em cerca de 500kt. Essa projeção afeta diretamente os fluxos comerciais, especialmente em termos de açúcar branco”, afirma.
E prossegue: “Em contraste com os anos anteriores, quando várias regiões importantes para a produção de açúcar no Hemisfério Norte sofreram quebras de safra, prevê-se que os fluxos comerciais de açúcar branco permaneçam relativamente equilibrados no restante de 2024 e no início de 2025, com um excedente reduzido de aproximadamente 400 kt”.
LEIA MAIS > BP Bunge doação de energia para o Hospital de Amor
A semana passada começou em meio a um ambiente macroeconômico baixista para as commodities, impulsionado pela escalada dos conflitos no Oriente Médio e pelas preocupações com a economia dos EUA, aumentando a percepção de risco do mercado. O atraso nos cortes das taxas de juros pelo Fed fortaleceu o dólar, desafiando as commodities, especialmente aquelas como o açúcar, com fundamentos fracos. Esse ambiente também afetou os países emergentes, como o Brasil, que teve uma desvalorização de 4% do Real, aumentando os retornos das exportações, apesar das correções nos preços do açúcar.
A semana também foi marcada pelo vencimento do contrato de maio do açúcar branco, que foi fixado em US$ 615/t com uma notável entrega de 314kt, principalmente dos Emirados Árabes Unidos, Índia, Brasil e, surpreendentemente, Polônia e China. As compras anteriores de açúcar bruto pela China e os aumentos de produção previstos sinalizam possíveis correções no mercado. As previsões otimistas para a produção de açúcar do Hemisfério Norte em 2024/25 estão reforçando as tendências de baixa, com um modesto excedente projetado de 500kt.
Em comparação com anos anteriores, estima-se que o fluxo comercial do açúcar branco seja muito mais confortável, o que significa que os preços atuais podem representar uma oportunidade para os fornecedores.
