Levantamento da Datagro indica que, entre meados de abril (a partir da 3ª. semana daquele mês) e a primeira semana de junho de 2007, enquanto em termos acumulados o preço do álcool hidratado ao produtor caiu 36,91%, o preço ao consumidor caiu apenas 2,56%. Esta performance contraria a expectativa de que haveria uma defasagem de 30 a 45 dias para que a queda de preços ao produtor, fosse sentida pelo consumidor. A falta de transmissão desta queda de preços indica que margens adicionais estão sendo represadas na forma de margem de distribuição (distribuidoras de combustíveis) e de revenda (postos de abastecimento).
O primeiro quadro abaixo indica a variação semanal de preços do álcool hidratado ao produtor e ao consumidor, em São Paulo, desde novembro de 2006. O comportamento considerado típico é aquele observado no mês de novembro, quando a transmissão da alta de preços ao produtor para o consumidor é feita em uma semana.
A constatação de represamento do repasse de preços aos consumidores fica mais patente quando observada a variação acumulada de preços ao produtor e ao consumidor. Neste segundo quadro, fica aparente a queda de preços ao produtor, de 36,91%, a partir de meados de abril, e a conseqüente queda de apenas 2,6% nos preços ao consumidor.
Esta imperfeição de mercado tem sérias implicações para o equilíbrio do balanço oferta-demanda de açúcar e álcool. A premissa básica deste equilíbrio é que, com preços menores de álcool, o consumo pela frota flex subiria, absorvendo parte do excedente de safra na forma de álcool. O problema ocorre quando cai o preço ao produtor, mas não cai o preço ao consumidor, não gerando, portanto, o esperado aumento no consumo. Aparentemente, somente uma maior competição entre os elos da cadeia de distribuição e revenda poderá fazer com que esta transmissão de preços seja mais eficiente.