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Produção de açúcar deverá superar 43 milhões de toneladas na safra 2024/25

Estimativa é que mais de 50% da cana seja destinada para a fabricação de açúcar

(Foto: Divulgação Freepik)
(Foto: Divulgação Freepik)

A produção de açúcar pode aumentar na próxima safra (2024/25) na região Centro-Sul do Brasil e superar, inclusive, o recorde da atual temporada 2023/24, conforme relatório mensal divulgado pelo Cepea.

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), no acumulado da atual safra (de abril/23 até 16 janeiro/24), o Centro-Sul produziu 42,099 milhões de toneladas de açúcar, e a moagem de cana somou 645,376 milhões de toneladas.

Para 2024/25, estimativas do setor indicam que a produção de açúcar na região brasileira possa superar as 43 milhões de toneladas e a de cana-de-açúcar pode ficar entre 625 e 640 milhões de toneladas. Mesmo diante de possível queda de 3% na produção da cana-de-açúcar, o maior volume de adoçante na próxima safra deve vir do mix mais açucareiro – estima-se que mais de 50% da cana seja destinada para a fabricação de açúcar.

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Alguns fatores no campo macroeconômico podem contribuir para uma safra mais açucareira. O barril de petróleo brent pode seguir operando na casa dos US$ 80,00. Apesar da possibilidade de novos cortes na produção de petróleo por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), países como EUA, Canadá, Guiana, Brasil, Noruega e Cazaquistão devem contribuir para o aumento da produção global, em 1,4 milhão de barris por dia. Além disso, existe o arrefecimento do embargo econômico dos EUA em relação às exportações venezuelanas de petróleo.

Já quanto ao dólar, deve variar de R$ 4,90 a R$ 5,25 em 2024, segundo projeções de bancos brasileiros. Petróleo mais barato e um Real pelo menos estável podem reduzir os valores da gasolina nos postos, diminuindo, portanto, a competitividade do etanol frente ao combustível fóssil e favorecendo o mix mais açucareiro.

Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os valores do demerara podem não se sustentar nos mesmos patamares elevados de 2023, sobretudo quando a nova safra brasileira começar, em abril/24. Até lá, as cotações externas ainda podem ter impulso, vindo especialmente do contexto na Índia – o país, preocupado com o abastecimento interno de açúcar e também atento às eleições nacionais em maio/24, não deve priorizar as exportações do produto, visando deixar os preços domésticos mais baratos.

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Além disso, a Índia, segunda maior produtora mundial de açúcar, tem tido dificuldades na produção de cana-de-açúcar, devido a chuvas abaixo da média. Analistas do mercado estimam que a produção indiana de açúcar fique entre 31 e 33 milhões de toneladas na safra 2023/24. A Isma (Indian Sugar Mills Association) projeta produção de 33,7 milhões de toneladas de açúcar nessa atual temporada. Já a Tailândia, segunda maior exportadora de açúcar, também está vendo a produção da commodity cair, impactando a participação do país no mercado global.

Diante disso, a Organização Internacional do Açúcar (OIA) espera déficit na oferta global de açúcar, de 330 mil toneladas, com a produção somando 179,88 milhões de toneladas e o consumo, 180,22 milhões de toneladas.

NORDESTE – A safra 2023/24 iniciada oficialmente em setembro de 2023 tem previsão de encerramento para o final de março/início de abril de 2024.

Segundo estimativa divulgada em novembro/23 pela Conab, a produção de cana-de-açúcar na região nordestina deve crescer 4,7% na safra 2023/24, chegando a 59,55 milhões de toneladas, influenciada, principalmente, pela maior área, uma vez que a produtividade se mantém próxima à estabilidade (+0,4%).

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Ainda de acordo com a Conab, em Alagoas, a melhoria nos investimentos nas lavouras de cana-de-açúcar e os aquecimentos nos mercados de açúcar e de etanol elevaram a produtividade e a produção. Em Pernambuco, a Conab relata leve aumento na produção, resultado da maior produtividade, devido a investimentos em novas variedades e ao manejo adequado. Além disso, o cenário global mais favorável ao açúcar influenciou a produção sucroalcooleira pernambucana a aumentar seu mix açucareiro.

Já na Paraíba, as precipitações, apesar de desuniformes, foram favoráveis ao desenvolvimento do canavial, o que explica o ajuste de produtividade em relação ao levantamento anterior. Na destinação da cana-de-açúcar esmagada haverá incremento na produção de açúcar, em decorrência tanto das condições mercadológicas quanto da expansão da planta industrial para a produção do adoçante.

Em relação ao clima, o fenômeno climático El Niño pode perder força entre janeiro e o início de fevereiro, mas pode perdurar até abril. Assim, a temporada nordestina deve ser de baixa precipitação.

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