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Otimizando o Rendimento na Produção de Etanol de Milho: Principais Fatores de Influência

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Marcus Lages
Marcus Lages

O milho, em base seca, apresenta uma composição média, com 72% de amido, 9,5% de proteína, 9% de fibra, 4% de óleo e 4,5% de minerais e açúcares. Essa riqueza nutricional possibilita a produção de diversos produtos essenciais para a cadeia alimentar animal, provenientes da proteína, fibra e óleo.

No entanto, o principal produto desta cadeia e destaque no cenário brasileiro recai sobre o etanol, cuja produção a partir do amido do milho tem crescido consideravelmente.

Estima-se que, na safra 23/24, o Brasil alcance a marca significativa de 6 bilhões de litros de etanol, conforme dados da UNEM (União Nacional de Etanol de Milho).

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A busca pelo máximo rendimento de etanol hidratado por toneladas de milho processado é um imperativo para otimizar o retorno do investimento neste setor produtivo. Algumas plantas industriais já atingem impressionantes 460-470 litros de etanol hidratados por tonelada de milho, enquanto outras se encontram em torno de 360 litros, uma diferença significativa que pode compensar o investimento em algumas tecnologias e reduzir significativamente o tempo de retorno do capital investido.

Para atingir o máximo rendimento, três pontos cruciais merecem destaque:

  1. Projeto e Concepção da Planta Industrial:
  • Superação de barreiras culturais brasileiras, de copia e cola, que leva a simplificação excessiva de equipamentos e etapas dos processos.
  • Seleção e projeto cuidadoso de equipamentos, garantindo a máxima disponibilização de amido para o mosto. Na concepção do projeto, diversos fatores cruciais demandam atenção para uma decisão fundamentada. Destacam-se a necessidade de uma limpeza eficiente do milho, visto que qualquer impureza compromete o rendimento ao ser contabilizada como parte do milho. A escolha de moinhos eficazes é vital para a produção de uma farinha com granulometria adequada. A etapa de liquefação deve ser cuidadosamente planejada, garantindo tempo de retenção e manutenção de temperatura propícios para as atividades enzimáticas. A tecnologia de separação da fibra, proteína e óleo, seja antes ou após a destilação, assume importância significativa porque são impurezas no processo de disponibilização do amido. Adicionalmente, a moagem seletiva, realizada com moinhos de disco, é crucial para acessar o amido e açúcar presentes no germe, a parte mais resistente do milho.

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  1. Tecnologia de Enzimas e Leveduras:
  • Utilização de enzimas que promovam a máxima conversão do amido em glicose.
  • Adoção de cepas de leveduras geneticamente modificadas (GMO) para potencializar produção, diminuindo o glicerol e promovendo maior conversão de glicose em etanol.
  1. Condução Operacional:
  • Treinamento rigoroso da equipe para assegurar a execução disciplinada dos procedimentos operacionais.
  • Controle preciso de variáveis, como: temperatura, vazão, dosagens dos insumos, limpeza dos equipamentos para se obter bom controle microbiológico e baixa contaminação bacteriológica são essenciais para a estabilidade do processo e máximo rendimento de etanol.

A fase inicial do processo exige atenção especial à limpeza do milho, ter moagem seletiva e etapas de liquefação bem projetada, enquanto a separação eficiente de fibra, proteína e óleo é vital para maximizar a concentração de amido no mosto.

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O uso de enzimas eficiente faz com que se obtenha a máxima conversão de amido em glicose e leveduras especializadas, especialmente as GMO, acrescenta um componente importante ao processo na transformação da glicose em etanol, exigindo controle rigoroso da temperatura na fermentação e controle microbiológico para se manter baixa contaminação, evitando qualquer desvio de glicose para o desenvolvimento bacteriológico.

Em síntese, alcançar o máximo rendimento inicia-se na fase de concepção do projeto, estende-se pela escolha criteriosa de enzimas e leveduras, culminando na execução operacional precisa e disciplinada. Essa abordagem integrada, quando implementada com sucesso, pode resultar em eficiência operacional e, consequentemente, em um retorno financeiro mais rápido.

Marcus Lages é engenheiro químico com especialização em gestão no Setor de Bioenergia pela UniUdop e MBA em gestão de negócios pela Esalq/USP, com 24 anos de experiências em indústria com processamento de cana e milho.