O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse na semaan passada que o “Brasil tem condições de aumentar a produção de etanol, respeitando todas as condições socioeconômicas e ambientais”. Em audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, no Senado, Stephanes explicou que o Brasil utiliza cerca de 50 milhões de hectares para produzir grãos e apenas 10% disso é usado para o plantio de cana-de-açúcar. Segundo ele, existem, ainda, mais de 150 milhões de hectares de pastagens, 50 milhões dos quais considerados áreas degradadas que podem ser usados, em parte, para o cultivo da cana.
Segundo o ministro, a euforia do etanol não deve atropelar as estratégias para o crescimento do setor no Brasil. Stephanes disse que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada a Ministério da Agricultura, estuda mecanismos para que o crescimento ocorra de forma ordenada e seguindo critérios ambientais.
Durante a audiência, o ex-ministro da Agricultura e atual coordenador da Comissão Interamericana do Etanol, Roberto Rodrigues, elencou os gargalos para a produção de etanol no País. “Para o Brasil manter a liderança mundial no setor precisa investir em pesquisa, recursos humanos, logística, infra-estrutura, e mão-de-obra”, disse Rodrigues, alertando que os Estados Unidos investirá este ano US$ 1,6 bilhão em pesquisas de agroenergia. “Se esse investimento durar cinco anos, perderemos a liderança na tecnologia do etanol ”, alertou.
Para evitar que isso ocorra, Rodrigues defendeu a criação de uma Secretaria Especial de Agroenergia, formada por representantes do setor público e privado. “Precisamos de uma estratégia público-privada que permita um crescimento equilibrado, harmonioso e que concentre a demanda mundial.” Rodrigues também defendeu um zoneamento agroecológico que garanta a sustentabilidade da produção. A idéia é disponibilizar programas de financiamento oficial aos produtores que seguirem as normas do zoneamento.