
Os valores médios pagos pela saca de 50 kg do açúcar cristal branco continuaram a subir em outubro no mercado spot de São Paulo.
O impulso aos preços internos foi impulsionado pelos elevados níveis das cotações externas do adoçante e pela valorização do dólar. Destaca-se que esse cenário fortalece a vantagem das exportações de açúcar sobre as vendas domésticas no mercado brasileiro.
Além disso, observou-se uma certa resistência por parte dos compradores em negociar a preços mais altos no mercado à vista, mesmo com a oferta restrita de açúcar de melhor qualidade.
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O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) registrou um avanço de 0,93% em outubro, encerrando em R$ 157,19 por saca de 50 kg em 31 de outubro.
A média mensal ficou em R$ 156,90 por saca de 50 kg em outubro de 2023, representando aumentos de 3,77% em relação a setembro de 2023 (R$ 151,20/sc) e de 23,55% em comparação a outubro de 2022 (R$ 126,99/sc), em termos nominais.
De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (UNICA), a moagem de cana-de-açúcar na primeira quinzena de outubro teve um aumento de 17,64% em comparação com o mesmo período do ciclo anterior.
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A produção de açúcar na primeira metade de outubro totalizou 2,25 milhões de toneladas, um aumento de 22% em comparação com a safra 2022/23, que registrou 1,84 milhão de toneladas. No acumulado desde 1º de abril, a fabricação do adoçante totaliza 34,86 milhões de toneladas, um aumento de 23,65% em relação ao ciclo anterior.
Na região Nordeste, os preços do açúcar permaneceram firmes, com negociações lentas. As usinas deram prioridade às exportações, limitando a oferta do adoçante no mercado interno. Devido ao aumento dos preços, a demanda ficou retraída ao longo do mês.
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Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 152,81/sc, com elevações de 2,19% na comparação mensal e de 5,03% na anual, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 153,75/sc, com aumentos de 0,83% e 11,22%, respectivamente.
Segundo a Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), as usinas das regiões Norte e Nordeste processaram 20,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2023/24 (até a primeira quinzena de outubro), um aumento de 6,8% em relação ao mesmo período da temporada passada (2022/23). Os números indicam que as usinas têm dado prioridade à produção de açúcar, que atingiu 859 mil toneladas, um aumento de 10% em relação ao mesmo período da safra anterior.
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Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a Tailândia deve produzir 9,4 milhões de toneladas de açúcar em 2023/24, um volume 15% menor do que o estimado para a safra 2022/23. Há preocupações com os impactos da seca sobre a produtividade dos canaviais do México e dos Estados Unidos.
A partir da segunda quinzena de outubro, as previsões de chuvas no Sudeste brasileiro, que poderiam atrapalhar a colheita de cana-de-açúcar, também deram suporte aos preços externos. Além disso, de acordo com a Archer Consulting, a capacidade limitada de transporte para o escoamento da produção brasileira também pode ter influenciado os valores.
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Problemas como atrasos nos embarques, nomeações de navios e congestionamentos nos armazéns foram observados.
Cálculos do Cepea indicaram que, em outubro de 2023, as vendas externas do açúcar remuneraram, em média, 8,78% a mais que as internas. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Março/24 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 103,04/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 69,41/tonelada.