Na quarta ocupação em São Paulo desde o início do “Abril Vermelho”, 120 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) incendiaram 40 toneladas de mudas de cana-de-açúcar que seriam plantadas na fazenda Timborezinho, em Andradina, região Noroeste do Estado. “Foi um recado dos sem-terra para informar que em terra desapropriada não é permitido fazendeiro plantar cana”, afirmou o Lourival Plácido de Paula, coordenador do MST e líder dos sem-terra.
Arregimentados em quatro acampamentos da região, os sem-terra entraram na Timborezinho por volta das 5 horas da manhã. Depois de quebrar um cadeado e cortar a cerca lateral da entrada principal, o grupo montou barracos nas proximidades da sede. Em seguida, colocaram seguranças e interditaram a porteira da entrada principal, numa tentativa de isolar a fazenda.
À tarde, depois de uma assembléia, eles decidiram queimar cerca de 40 toneladas de mudas de cana que estavam sendo plantadas nos fundos da propriedade. A fazenda, de 796 hectares, que é ocupada por extensas plantações de cana-de-açúcar arrendadas para usinas de álcool da região, foi considerada improdutiva em 2001. Os sem-terra dizem que a invasão é em protesto contra a demora da Justiça em julgar os processos judiciais de desapropriação da área, para a qual o Incra já depositou R$ 5,5 milhões.
“O que ocorre é que os fazendeiros fazem esses plantios de cana para conseguir indenização maior do governo. A cana tem ciclo de colheita de cinco anos, mas como a fazenda será desapropriada antes disso, os fazendeiros então pleiteiam indenização maior a título de benfeitorias. O MST não vai deixar isso acontecer”, afirmou Paula.