Usinas

Consultoria Archer vê muita indefinição no mercado de açúcar

A crise no oriente médio com a guerra entre Israel e o Hamas é um dos ingredientes que contribuem para essa indefinição

Consultoria Archer vê muita indefinição no mercado de açúcar

A guerra envolvendo Israel e o Hamas no Oriente Médio e as notícias de que Índia pretende suspender suas exportações para a safra 2023/24, são alguns dos fatores que contribuem para a indefinição que ronda o mercado de açúcar, avalia o consultor Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting.

“O mercado está numa fase de muitas indefinições. Principalmente quando você tem um ingrediente novo que é essa guerra, essa situação complicada no Oriente Médio. Então a gente não sabe ainda, qual é o efeito que isso pode trazer no petróleo. Se tiver um efeito muito devastador no preço do petróleo, evidentemente que a gente tem aí uma situação de aumento da gasolina e isso pode provocar alguma mudança no mix, porém acho que isso não vai acontecer no momento”, disse.

Segundo ele, os especialistas em risco político dizem que essa guerra de Israel com o terrorista Hamas, deve ser de curta duração. “Então vamos ver se isso vai acontecer”.

LEIA MAIS > Moagem de cana na primeira quinzena de outubro registra crescimento de 17,64%

O consultor vê com desconfiança as notícias que dão conta que a Índia irá suspender as exportações de açúcar para a safra 2023/24, que começou em 1º de outubro e segue até setembro do próximo ano.

“Vejo isso com uma certa desconfiança, até porque analisando os números do departamento de agricultura dos Estados Unidos, em que ele mostra que a Índia vai ter um estoque de passagem, no final desta safra, de 5.3 milhões de toneladas, que se somadas aos 6.5 milhões de toneladas que eles dizem que não vão exportar, acaba tendo um 11.8. Se pegar esse 11.8 e tira 3.8/4.8 do que eles vão direcionar para a produção de etanol, sobram de 7 a 8 milhões de toneladas. Dá para imaginar um estoque de passagem razoável, em volta de 4/5 milhões de toneladas, nós estamos dizendo que a Índia deve exportar 3/4 milhões de toneladas”, explicou.

Ele comenta ainda que, nesse momento, os indianos estão dizendo que não vão exportar de jeito nenhum, mesmo porque é um ano político, vai ter eleições lá, e naturalmente eles querem que o preço do açúcar internamente caia, “Então, quanto mais açúcar deixar de ser exportado, mas pressão em cima dos preços internos vai ter”, explica.

LEIA MAIS > Canaplan estima moagem de 636 milhões de toneladas para o Centro-Sul

“Então, tem todas estas coisas acontecendo, e nós vamos ter um ano com muitas indefinições, pois não sabemos qual vai ser o tamanho da safra brasileira, se vai ter cana bisada, qual vai ser o total de moagem, quanto que vão produzir de açúcar, são os números mais variados, e a gente que está nesta safra não consegue saber quais serão os números finais, os indianos cuja safra nem começou ainda, já tem o número com três dígitos depois da vírgula. Por isso, a gente tem que olhar os que os indianos falam com muita reserva”, avalia o consultor, enquanto acompanhava as estimativas apresentadas durante a 2ª reunião da Canaplan.

Segundo Corrêa, há fortes indicações de que a produção de açúcar na região Centro-Sul poderá superar as 41 milhões de toneladas, que já estão sobrecarregando os portos para embarque do produto. Para se ter uma ideia de como está a situação, o line-up em Santos chega a 5.9 milhões de toneladas, segundo a Williams, com espera que pode chegar a 32 dias.

LEIA MAIS >DATAGRO estima safra com 624,5 milhões de toneladas no Centro-Sul

“Enquanto isso, apesar das incertezas provocadas pela crise geopolítica no Oriente Médio, a Petrobras optou por reduzir os preços da gasolina em suas refinarias. No entanto, mesmo diante dessa série de notícias que podem influenciar negativamente o mercado de açúcar, Nova York mantém-se resiliente, com os preços próximos aos 27 centavos de dólar por libra-peso. O vencimento março/24 chegou a negociar a 27.67 centavos de dólar por libra-peso na quarta-feira, encerrando o pregão de sexta cotado a 26.85 centavos de dólar por libra-peso, representando uma queda de 18 pontos em relação à semana anterior, cerca de 4 dólares por tonelada”, informou.

De acordo com o consultor, “o volume diário de contratos negociados na bolsa tem sido fraco, cerca de 40% abaixo da média facilitando a vida dos algotraders que fazem o mercado oscilar a seu bel prazer. Esses algotraders utilizam algoritmos para tomar decisões de negociação automatizadas com base em diversos critérios, como análise técnica, análise fundamentalista, indicadores de mercado e dados históricos de preços.

LEIA MAIS > CTC afirma que a safra de cana até setembro é a mais produtiva em 20 anos

Em geral, eles zeram suas posições ao longo do dia, assim, como não mantém posição, não estão sujeitos aos ajustes diários. Fazem muita espuma, mas não carregam posições. Junto com eles estão os fundos especulativos. Esses, por exemplo, uma vez mais adicionaram 11,600 lotes comprados durante a semana (terça a terça).

Segundo o COT (Commitment of Traders), o relatório dos comitentes publicado pelo CFTC (Commodity Futures Trading Commission), a agência americana reguladora do mercado de commodities, eles agora estão comprados 187,185 lotes”, explica.

“Torna-se cada vez mais desafiador para aqueles que operam no mercado físico, seja com açúcar ou etanol, explicar a substancial diferença entre os valores desses dois produtos. Observa-se que o etanol está sendo comercializado por quase metade do preço do açúcar, o que gera uma disparidade significativa”, avalia o consultor.

Banner Evento Mobile