Os preços futuros de açúcar em Nova York provavelmente recuarão para menos de 10 centavos por libra-peso este ano devido ao aumento da produção do Brasil, da Índia e de outros países produtores, disse Helmut Ahlfeld, da F.O. Licht, durante o seminário “Sugar and Ethanol Brazil”, em São Paulo. A produção mundial de açúcar para o ano-safra que se encerrará no próximo mês de setembro aumentará para 161,8 milhões de toneladas, a partir dos 152,1 milhões de toneladas do ano-safra anterior, disse Ahlfeld, diretor-executivo da empresa de pesquisa em commodities, sediada em Ratzeburg, na Alemanha.
“Tendo esse pano de fundo, é difícil ficar otimista sobre os preços do açúcar”, disse Ahlfeld.
Segundo ele, o Brasil terá um grande desafio para avançar mais neste mercado. “O Brasil terá de investir na produção de açúcar de melhor qualidade e buscar novos mercados”, afirmou. “O mercado para o açúcar é limitado”, disse Ahlfeld. A saída gradual da Rússia do mercado — maior importador global de açúcar — é apontada como uma das “ameaças” às usinas brasileiras.
Segundo Ahlfeld, o governo russo está incentivando a produção local de açúcar para reduzir a dependência do país no mercado internacional. “Em alguns anos, a Rússia não será mais o maior importador mundial”, disse. A expectativa é de que a produção de açúcar de beterraba da Rússia atinja 3,2 milhões de toneladas na safra 2006/07, que se encerra em setembro, 16% acima do ciclo anterior.
As perspectivas de preços internacionais da commodity também não são animadoras no curto e médio prazos. As cotações, que atingiram a maior alta dos últimos 25 anos em 3 de fevereiro de 2006, de 19,73 centavos de dólar por libra-peso em Nova York, vem caindo vertiginosamente nos últimos meses, e deverão ficar abaixo dos 10 centavos de dólar por libra-peso. Ontem, os contratos do açúcar para julho encerraram o dia a 10,28 centavos de dólar por libra-peso, com queda de 3 pontos.