As colhedoras de duas linhas chegaram para ficar. Pelo menos essa é a perspectiva apresentada por produtores que já utilizam o equipamento.
A CH950, da John Deere, é uma colhedora de cana de duas linhas com sistema de cortes de base independentes, desenvolvida especialmente para os canaviais brasileiros.
A grande novidade é sua capacidade de colher duas linhas simultaneamente, no espaçamento simples (1,4 m ou 1,5 m), na mesma velocidade das máquinas de uma linha, promovendo redução do custo de colheita e da compactação e aumentando a produtividade e longevidade do canavial.
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Segundo Maria Renata Gonçalves, especialista de Produto e Mercado para soluções em cana-de-açúcar da John Deere Brasil, a CH950 já se encontra no quarto ano de safra no mercado brasileiro. “Com mais de 150 máquinas no mercado, já temos acumuladas mais de 400 mil horas de motor e, embora exista uma curva de aprendizado para se extrair o melhor potencial da máquina, percebemos que ela já atua como catalisador da mudança”, disse.
Segundo Gonçalves, são cada vez mais frequentes os relatos de clientes sobre o aumento de produtividade e de benefícios agronômicos ligados ao controle de tráfego. “Por ela ter uma bitola de três metros e pular uma entrelinha, ela forma o canteirão tão desejado para que a planta tenha melhor produtividade e longevidade, relacionadas a essa conservação que fazemos com a soqueira”, explica.
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A especialista ressalta que a CH950 é totalmente diferente de tudo que já havia disponível no mercado. “O sistema RowAdapt™M, que tem dois cortes de bases independentes, permite que ela colha duas linhas de cana na mesma velocidade da máquina de uma linha, o que reduz mão de obra e consumo de combustível na frente de colheita, com o diferencial de que esse sistema reduz drasticamente as perdas, tanto no corte de base como no extrator primário”, informou.
Ainda segundo Maria Renata, esse tipo de colhedora promove quase o dobro da produtividade: redução de 60% da área compactada, beneficiando a brotação e o desenvolvimento das soqueiras; 50% menos perdas por estilhaço (aproximadamente três toneladas por hectare): redução de 28% na utilização de tratores de transbordo e redução de 30% no consumo de combustível.
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A máquina proporciona uma redução de consumo de combustível em torno de 30% na frente de colheita, considerando a economia nas máquinas (consome menos que duas máquinas de uma linha) e nos tratores transbordos, que serão carregados com a metade do tempo (se comparados à máquina de uma linha), tornando-os mais eficientes e capazes de fazer mais ciclos por dia. A CH950 oferece também a redução de até 36% na mão de obra necessária na frente de colheita.
Alex Fogaça, gerente agrícola da Pedra Agroindustrial, que há três anos dispõe do equipamento, relata avanços. “Temos quatro máquinas no grupo, distribuídas nas unidades Pedra e Ipé. Eu considero como uma fase de curva de aprendizado, mas a colhedora tem se mostrado, tanto agronomicamente quanto em desempenho, que ela pode avançar mais. Consequentemente, acredito que as empresas devem embarcar nessa tecnologia nos próximos anos”, disse.
Mário Sérgio, gerente de mecanização da BP Bunge, viu a produção dobrar com duas colhedoras CH950.
“Já estamos na segunda safra testando esses equipamentos. Estamos conseguindo produzir até 50% mais do que com a máquina de uma linha, com a qual conseguimos em torno de 1.500 toneladas. Em canaviais de produção mediana de até 100 toneladas, é um equipamento fantástico, chegando a produzir o dobro da máquina de uma linha”, relatou.
Para Francisco Felix Junqueira, diretor agrícola da Bioenergética Aroeira, o novo equipamento vem revolucionando o sistema de colheita.
“A máquina de duas linhas mudou o sistema de colheita dos canaviais no Brasil. A colhedora começou a ganhar muito rendimento, redução de custo de óleo hidráulicos, redução de custo de óleo diesel e, principalmente, a metade da compactação. Enquanto em outras máquinas a bitola anda com entrelinha de 1,5 m, essas são de três metros. Então temos 50% do canavial que não vai ser pisado; consequentemente, teremos um canavial melhor, mais rico, com umidade preservada e palha preservada”, destacou.
Esta matéria faz parte da edição 346 do JornalCana. Para ler, clique aqui.