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O desafio do florescimento do canavial: como evitar perdas de ATR e TCH

Adoção de práticas preventivas e a utilização de inibidores de florescimento representam importantes ferramentas para enfrentar o desafio

O desafio do florescimento do canavial: como evitar perdas de ATR e TCH

O florescimento do canavial é um evento que pode causar preocupações significativas para produtores de cana-de-açúcar, já que esse fenômeno fisiológico pode afetar diretamente a qualidade do açúcar total recuperável (ATR) e o teor de sacarose (TCH) na planta.

O processo de florescimento resulta em alterações morfofisiológicas, como o encurtamento dos entrenós, o que impacta negativamente a produtividade e a eficiência industrial.

A influência do clima é crucial no desencadeamento do florescimento. Fatores como o fotoperíodo (duração do período de luz solar), temperatura, radiação solar e umidade do solo desempenham papéis importantes na ocorrência desse fenômeno.

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Nesse sentido, é essencial que os produtores estejam atentos aos indicativos climáticos para antecipar e minimizar os possíveis impactos negativos.

Uma das principais estratégias para evitar a perda de ATR e TCH é o bom planejamento do manejo varietal na região de atuação. Variedades precoces devem ser colhidas no início da safra, entre abril e junho.

“A partir desse período e sem o uso de inibidores, existe um maior risco de florescimento em algumas variedades, como a RB 96-6928 e a CTC 9001. Portanto, o controle do cronograma de colheita é crucial para reduzir os efeitos do florescimento na produtividade”, explica Diego Augusto, engenheiro agrônomo especializado em Nutrição Vegetal e Cana-de-Açúcar.

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Nilceu Cardozo

Ele destaca a importância dos inibidores de florescimento para o manejo adequado do canavial. Esses inibidores têm como objetivo impedir o crescimento vegetativo da cultura, evitando a emissão de novas folhas. Além disso, ele ressalta a relevância do processo de translocação do acúmulo de sacarose no colmo, enfatizando que a aplicação dos inibidores deve ocorrer nos meses de fevereiro a março no Centro-Sul do país, quando ocorre a indução floral.

O consultor Nilceu Cardozo, da Canaplan e Solucrop, destaca que para trabalhar com florescimento é preciso ser assertivo de acordo com a realidade de cada região.

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Diego Augusto

“Não há modelos perfeitos, com relação ao florescimento, porque modelos são a representação da realidade, não a realidade. Nesse caso ainda, vamos depender de um modelo ambiental, ou seja, vou depender de alguém que faça a previsão de chuva e temperatura. Por isso, temos proposto sempre manter essas áreas de segurança, onde tenha variedades com alto índice de florescimento/isoporização, para então fazer o uso de inibidores”, explica.

Com relação a esta safra, Cardozo avalia uma grande perspectiva de florescimento. “Tivemos um desenvolvimento vegetativo bom, e o período indutivo se mostrou com o maior potencial dos últimos anos”, disse.

O consultor também destacou que o controle do florescimento trava o desenvolvimento. “Para desencadear a inibição do florescimento ou indução de resistência do déficit hídrico há necessidade de modular o balanço hormonal da planta”, explica.

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Daniela Aragão Bacil

A agrônoma da Canaoeste, Daniela Aragão Bacil, informa que este ano tem ocorrido muito florescimento nas áreas dos associados da entidade. “Mesmo nas regiões de baixas altitudes, em torno de Sertãozinho – SP, tem muita ocorrência de florescimento, até mesmo as variedades que não víamos florescer, este ano está ocorrendo”, informou.

Segundo ela, a ocorrência tem provocado prejuízo. “Nas regiões próximas aos mil metros de altitude, a ocorrência do florescimento é muito maior. A maioria dos produtores não usaram inibidor de florescimento, então facilmente encontramos essa situação. Devido aos volumes de chuvas e ao atraso dos plantios, essas áreas de associados estão com colheitas atrasadas, causando um prejuízo para o produtor”, explica Bacil.

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