Mercado

Conspiração contra o setor?

O conteúdo de um relatório do Banco Mundial com duras críticas à política sucroalcooleira brasileira vazou para a grande imprensa em agosto último e causou desconforto geral. O relatório sustenta que o uso do álcool como combustível no Brasil nos últimos 30 anos, desde o início do Proálcool, só deu certo por causa da concessão de subsídios. E que o programa mantém o sucesso em razão do desrespeito a questões ambientais, fundiárias e trabalhistas por parte dos empresários do setor sucroalcooleiro.

O setor agiu rapidamente. Acionados pela Unica, os especialistas em bioenergia Plínio Nastari, Isaías Macedo e Alfred Szwarc contestaram em Washington, na sede do Banco Mundial a alegação de que há ainda subsídios ao álcool comercializado no Brasil e também de que a indústria alcooleira cresceu com esse incentivo. Foram bem recebidos e parecia que a calmaria retornara.

Entretanto, o aparecimento, nos últimos dias, na grande imprensa e redes de TV, de matérias mostrando supostos desrespeitos ao meio ambiente e a trabalhadores nas usinas, voltou a causar apreensão. Mesmo quem não é do setor percebe que há algo errado. O engenheiro nuclear carioca Nilder Costa é um deles.

Responsável há pelo menos uma década pelo envio da news letter semanal Alerta Científico e Ambiental e editor do site Alerta em rede (www.alerta.inf.br), Nilder Costa afirma que a verdade por trás desses episódios é a de que, para manter seu domínio sobre os setores estratégicos de alimentos e energia, os grandes grupos do chamado Primeiro Mundo não hesitam em usar argumentos da moda, como dizer que há desrespeito ao meio ambiente e a trabalhadores por parte de empresas que estão em suas miras.

Nilder lembra que, por uma “estranha coincidência”, o WWF (até há pouco tempo conhecido como Fundo Mundial para a Natureza) e a International Finance Corporation (IFC), um dos braços do Banco Mundial, patrocinaram uma reunião em 23 e 24 de junho passado realizada emblematicamente na sede londrina da empresa Tate & Lyle, líder no mercado mundial de açúcar, com o propósito declarado de identificar os principais impactos ambientais e sociais da produção de cana e discutir a “melhor maneira” para enfrentá-los, eufemismo para designar a campanha “sócio-ambiental” a ser desencadeada contra o setor.

Teorias conspiratórias à parte, o fato é que ultimamente várias unidades têm sido atacadas, com ou sem razão. E, como são episódios aparentemente isolados, o setor pouco faz em grupo contra esses ataques, que visam desqualificá-lo gradualmente junto à opinião pública.

As lideranças do setor sucroalcooleiro precisam agir. Não podem deixar nenhuma acusação ou ataque sem resposta.

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