_Devemos ser ousados e ao mesmo tempo comedidos, até porque o mercado de vez em quando pega a gente de surpresa. A opinião de Anísio Tormena, emitida durante o Seminário Açúcar e Álcool, promovido pelo IIR – Institute for International Research em 23 de novembro último, no Hotel Atlante Plaza, no Recife, parece estar sendo a palavra de ordem entre empresários tradicionais do setor (Eduardo Farias, do Grupo Farias, disse praticamente a mesma frase na entrega do Prêmio MasterCana Nordeste na noite do mesmo dia).
Anísio Tormena, empresário de açúcar e álcool no Norte do Paraná e presidente da Alcopar, a associação dos produtores sucroalcooleiros paranaenses, entende que o segmento não vive momento ruim, mas também “não é um mar de rosas”. Advertiu e explicou que toda a euforia de 60 dias atrás já não existe. “Já houve desaceleração no otimismo em função da queda dos preços do açúcar”, lembrou. “ E o setor sucroalcooleiro não é diferente dos demais negócios. Também é cíclico, com seus altos e baixos e, portanto, precisamos estar precavidos”.
“No Centro Sul hoje há muito oba oba”, criticou Anísio Tormena. “Fala-se muitos em unidades que estão sendo construídas, mas isto não é fácil de ser concretizado, porque para entrar em um negócio desse vulto é preciso ter muito dinheiro, afinal, não se constrói hoje uma unidade de tamanho médio com menos de R$ 250 milhões”.
Anísio Tormena ainda entende que o setor sucroalcooleiro brasileiro cresceria muito mais se todo o País possuísse logística semelhante a do Nordeste. “Se o Centro Sul e o Centro Oeste tivessem a mesma facilidade de escoamento que o Nordeste possui seria um privilégio, seria bom demais”, exultou.
Palestrantes conhecidos falaram no evento do IIR. O seminário foi aberto por Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar de Pernambuco. Gregório Maranhão, da Unida – União Nordestina dos Plantadores de Cana, falou sobre as novas fronteiras para a cana-de-açúcar e álcool no Brasil; o diretor comercial do Grupo EQM, Paulo Júlio de Mello Filho, discorreu sobre alternativas para garantir o equilíbrio no preço do açúcar e álcool, com o objetivo de evitar a substituição desses produtos frente à dinâmica do mercado e variação cambial. Jacyr Teixeira abordou as novas perspectivas do mercado. (O JornalCana publicará artigo especial de Jacyr, pela relevância de seu conteúdo).