Mercado

Usinas de açúcar da UE podem perder lucratividade

A política açucareira da União Européia (UE) resultará em uma redução dos

preços da commodity, reduzindo a lucratividade das empresas do ramo,

segundo informação do banco holandês Rabobank Groep, o maior concessor mundial de empréstimos para o setor agrícola, às agências internacionais.

As mudanças reduzirão o preço mínimo da beterraba em 40% entre 2005 e 2010, para 26,3 euros a tonelada, contra os atuais 43,6 euros (US$ 55,8), e tornarão a receita por hectare cultivado com o tubérculo “várias centenas de euros” menos lucrativa, disse Andy Duff, analista dos setores de açúcar, alimentos e agribusiness do Rabobank. O executivo participou da palestra da Organização Internacional do Açúcar (OIA), em Londres.

A UE está reduzindo suas exportações de açúcar após o Brasil ter obtido, no ano passado, parecer favorável da Organização Mundial do Comércio (OMC) que impede que os agricultores europeus exportem todo o seu superávit produtivo. O bloco de países aceitou adotar uma redução de 36% em seu preço de garantia, que é pago aos produtores locais de açúcar, e pretende suspender as exportações líquidas de açúcar dentro de uma década.

Duff disse que as margens de lucro obtidas após a subtração dos custos com matérias-primas pelos processadores de beterraba da UE cairão 33% até 2009 ou 2010. As margens dos produtores de isoglicose recuarão 40%, enquanto as dos refinadores de cana-de-açúcar cairão 49% e as margens dos fornecedores de açúcar não-refinado sofrerão um declínio de 36%.

Ontem, autoridades reguladoras da UE ameaçaram permitir a entrada de mais açúcar na Europa aos mesmos preços praticados no mercado mundial para tentar obrigar à adoção de cortes na produção local. Até o momento, os agricultores da UE pediram autorização para reduzir sua produção em 700.000 toneladas em 2007, quantidade bem inferior aos cortes previstos, que ficavam entre 3 milhões e 5 milhões de toneladas, disse a comissária para a Agricultura da UE, Mariann Fischer Boel.