O grupo Cosan, maior companhia de açúcar e álcool do mundo, divulgou na sexta-feira seu balanço de resultados referentes à safra 2005/06, encerrada em abril deste ano. Segundo a empresa, a safra foi marcada por um aumento da capacidade de moagem da companhia em mais de 30% por meio da aquisição das usinas Corona (Tamoio e Bonfim), Mundial e Bom Retiro e incorporação total do capital da FBA. A empresa também ressalta sua entrada no negócio de co-geração de energia renovável com o leilão de Energia Nova promovido pelo Ministério de Minas e Energia, além da captação de US$ 403 milhões por meio de seu IPO (Oferta Pública Inicial) e a emissão de US$ 450 milhões em bônus perpétuos.
Segundo o balanço de resultado da Cosan, o grupo concluiu o quarto trimestre do exercício social de 2006 (fevereiro a abril de 2006) com receita líquida de R$ 747 milhões, 61% superior a igual trimestre do ano anterior. O resultado elevou a receita líquida da companhia no ano fiscal de 2006 para R$ 2,48 bilhões, incremento de 30% em relação ao exercício social de 2005. A geração operacional de caixa (EBITDA) também apresentou significativo crescimento no último trimestre, alcançando R$ 168 milhões, salto de 125% comparado ao mesmo intervalo do ano anterior. No exercício social 2006, o EBITDA foi de R$ 517,7 milhões, 52% acima do registrado no exercício anterior. O resultado operacional refletiu positivamente o ambiente externo em relação a preços e a estratégia de crescimento com relação a volumes.
As vendas de açúcar no período ficaram em 2,47 milhões de toneladas, um aumento de 6% se comparadas ao exercício social anterior. No quarto trimestre, as vendas de açúcar atingiram 623 mil toneladas, incremento de 12% em relação a igual período do ano anterior. O volume comercializado no último trimestre inclui os estoques provenientes da aquisição das usinas Mundial e Corona e parte da produção do mês de abril, em função da antecipação da safra.
Durante todo o exercício social de 2006, 83% do açúcar vendido foi exportado e 17% vendido no mercado nacional. O preço médio de R$ 764/ ton de açúcar, acima dos R$ 559/ ton registrados no quarto trimestre de ano anterior, reflete o grande incremento ocorrido a partir do 3º trimestre do ano, resultando em impacto diminuto na cotação média do exercício social de 2006, de R$ 603/ ton.
As vendas de álcool do exercício social de 2006 totalizaram 1,02 bilhão de litros, uma expansão de 23% se comparadas às vendas do exercício social anterior. Durante o 4º trimestre, as vendas de álcool somaram 240 milhões de litros, alta de 48% com relação ao mesmo intervalo de 2005. Similarmente ao açúcar, os estoques da Mundial e Corona estão incluídos, bem como parte da produção de abril e, função da antecipação da safra. A consolidação integral da FBA também contribuiu para que os volumes de álcool vendidos fossem significativamente incrementados durante o exercício social de 2006. Efeito este que não impactou as vendas de açúcar, uma vez que estas já eram realizadas pela Cosan nos exercícios sociais anteriores. Durante todo o exercício social de 2006, as vendas de álcool ao mercado interno cresceram 49%, enquanto as exportações foram reduzidas 23% como forma de apoiar o abastecimento do mercado doméstico. Enquanto o preço médio no último trimestre foi de R$ 1,02/ litro de álcool (R$ 0,79/ litro em igual período do ano anterior), o valor médio no exercício de 2006 foi de R$ 0,84/ litro.
Com o ótimo resultado nas vendas de açúcar e álcool, o lucro bruto de R$ 240 milhões registrado no 4º trimestre, crescimento de 55% em relação ao mesmo período do ano anterior, foi fundamental para que a Cosan registrasse lucro bruto de R$ 757 milhões no exercício social de 2006, com um incremento de 35% sobre o lucro bruto registrado no exercício social anterior.
A ausência de lucro líquido no 4º trimestre fez com que o prejuízo líquido no ano ficasse em quase R$ 65 milhões (comparativamente ao lucro de R$ 17 milhões do ano anterior), altamente afetado pelas despesas extraordinárias de R$ 53 milhões relativas ao IPO. Além destas despesas não-recorrentes, contribuíram para o resultado final desfavorável o aumento de 6% obtidos pelos fornecedores de cana-de-açúcar, com efeito retroativo a toda safra; as despesas administrativas em duplicidade advindas da aquisição do grupo Corona e o efeito das perdas de hedge de R$ 209 milhões com fixação de preços comerciais frente à alta brusca dos preços de açúcar. Na composição do resultado final estão incluídas, ainda, despesas sem efeito-caixa de amortização de ágio de R$ 143 milhões de aquisições realizadas e R$ 140 milhões de depreciação.
Os investimentos realizados pela companhia durante o exercício social de 2006 foram de R$ 745 milhões, expressivamente superiores aos investimentos de R$ 310 milhões realizados no exercício anterior. Aquisições totalizando R$ 536 milhões, incluindo aí Mundial, Bom Retiro e Corona (Tamoio e Bonfim) foram as principais responsáveis por essa elevação. Outro destaque foi o montante de R$ R$ 135 milhões destinados às plantações de cana-de-açúcar, tanto para operações de plantio quanto para aquisição de lavouras prontas, visando amenizar as más condições de canaviais advindos de aquisições anteriores. Os demais investimentos voltados principalmente à construção de armazéns no terminal portuário e em usinas para melhorar a gestão dos estoques e minimizar despesas com logística somaram R$ 74 milhões e situaram-se nos mesmos patamares do exercício anterior.