Usinas

As tendências na cadeia da cana-de-açúcar sob a ótica socioeconômica

As grandes transformações estão no mundo da energia, diante da necessidade de ampliar a oferta e reduzir as emissões

EsalqShow - 4ª edição. Painel 6. Crédito: Denise Guimarães/ Esalq USP
EsalqShow - 4ª edição. Painel 6. Crédito: Denise Guimarães/ Esalq USP

Se tem uma coisa que não se pode reclamar no setor bioenergético é a monotonia. A cada ano, surgem novas perspectivas e os desafios são uma constante. No Brasil o setor gera uma receita na ordem de 40 bilhões de dólares. 45% da frota de veículos leves do país é movida a etanol e 5% da energia elétrica é proveniente do bagaço da cana.

E vem aí novos produtos como o biogás, biometano, entre outros. É sem dúvida um setor relevante do ponto de vista ambiental e muito dinâmico, destacou Eduardo Leão de Sousa, diretor da União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica ) durante painel da 4ª edição da Esalqshow, que tratou das “Tendências na cadeia da cana-de-açúcar sob a ótica socioeconômica”.

Para Luciano Rodrigues, diretor de Economia e Inteligência Estratégica da Unica, ressaltou o investimento que o setor vem realizando em pesquisa e inovação para alcançar uma produção cada vez mais eficiente, tanto ambientalmente quanto economicamente, criando um cenário para o desenvolvimento de novos produtos, como biogás e biometano.

Além de reforçar a importância de políticas públicas que incentivem a melhor combinação eficiência com baixa pegada de carbono. “Não é preciso eleger um campeão. Mobilidade sustentável não é uma solução binária. Há uma gama de possibilidades e rotas para atingirmos essa meta. O que temos é: o novo é baixo carbono, o velho é alto carbono”, disse.

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Para o professor da Unicamp, Gonçalo Pereira, um entusiasta da cana-de-açúcar como fonte energética, “o Brasil é a pátria da fotossíntese, a pátria da célula de hidrogênio. Eu estou ouvindo falar que Piracicaba é o Vale do Silício Brasileiros. Nós não somos o Vale do Silício, somos o Vale da Rubisco quem lembra aí da aula de fotossíntese? Nós somos o Vale da Rubisco. (A enzima ribulose-1,5-bisfosfato carboxilase / oxigenase, mais comumente conhecida por RuBisCO é utilizada no ciclo de Calvin para catalisar o primeiro grande passo de fixação de carbono. A RuBisCO é a proteína mais abundante no mundo)”, perguntou.

E explicou: “É isso que nós somos porque agora a gente tem que pegar a fotossíntese e produzir em cima da terra a energia que a civilização precisa mantendo a estabilidade climática que é essencial para gente sobreviver”.

Gonçalo ainda ressaltou que o Brasil tem que ser “carbono negativo”, pois só emitimos 2,5% das emissões e é um dos principais países que produzem energias renováveis e de baixa pegada de carbono.“O etanol é uma bateria líquida, assim, pode transformar toda a economia, não só a brasileira.”

Em relação à saúde financeira das unidades produtoras de açúcar e etanol e potencial de crescimento, Guilherme Bellotti Melo, gerente de consultoria Agro do Itaú-BBA, apontou que o setor precisa investir em “produtividade, diversificação e governança”.

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Ele disse que é possivel ver uma grande performance, na maioria das empresas, principalmente naquelas que já estavam em uma boa posição (no ano passado) e continuam avançando.

“As usinas que não estavam tão bem, já tinham saído da UTI, mas ainda estavam respirando por aparelhos. Depois de dois anos razoavelmente bons, apesar da quebra de safra que tivemos ano passado, que impediu uma performance melhor, vimos de maneira geral, as usinas reduzindo os níveis de dívida e voltando a investir, que é uma coisa superimportante”, afirmou.

O genrete ressaltou que, após passar alguns anos gerando caixa, mas com redução de investimentos, nos últimos dois anos, inclusive agora, na safra 2022/23, ocorreu uma recuperação dos níveis de Capex do setor de maneira geral, principalmente voltado para ganhos de eficiência, para renovação de canavial, e de maneira mais tímida alguns investimentos incrementais de expansão. 

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Segundo Guilherme, “é importante comentar que nos últimos meses, o setor perdeu um pouco da aceleração, por conta da quebra de preço do etanol, e o ambiente global que piorou muito (guerra, problemas climáticos e também as taxas de juros no Brasil).  Acho que o setor tem um caminho muito grande a ser pavimentado. Mas assim como foi no passado, nós teremos alguns buracos ao longo dessa estrada e, mais uma vez, a gente vai ter de superar esses buracos e quem conseguir superar, certamente vai conseguir beber de uma água bastante limpa ao longo dos próximos anos”.

(Fotos: Divulgação EsalqShow – 4ª edição Crédito: Denise Guimarães/ Esalq USP)

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