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Produtor de cana diz que a seca no Centro-Sul é preocupante

A cada ano o produtor tem supresas durante o plantio e a colheita, no setor sucroalcooleiro não é diferente. Ora excesso de chuvas, ora seca constante. Mas não há dúvida da inversão do clima no planeta e do famoso efeito gangorra, que propicia calor intenso e seca em áreas frias e úmidas e vice-versa.

Luiz Guilherme Zancaner, presidente da Usina Unialco (SP) e Alcoolvale (MS) não tem dúvida que a seca é preocupante, mas diz que ainda é cedo para falar em quebra de produtividade.

“Já há algum prejuízo na produtividade canavieira, mas se chover constantemente nos próximos dias há condição de reiquilibrar a produção. Porém se esta seca continuar, com estas temperaturas altas teremos supresas desagradáveis na produtividade agrícola sem dúvida alguma”.

De acordo com ele, pode-se ter a falta de chuva hoje e pode-ser ter uma quantidade maior de chuva daqui para frente, como ocorreu em janeiro que choveu historicamente quase um recorde e fevereiro que praticamente foi um desastre em termos de chuvas.

Na opinião do presidente da Câmara Setorial da Cadeia do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura, Luiz Carlos Corrêa de Carvalho, o volume de produção e o índice de produtividade serão influenciados pelas chuvas esperadas nos meses de março e abril.

Segundo Luiz Carvalho, no início do ano pensava-se em um índice recorde de produtividade, de 90 toneladas de cana por ha, superior a média de 2004, de 86,8 ton/ha, “mas agora é preciso aguardar as possíveis chuvas de março e abril. A falta de precipitação fez com que a cana perdesse em peso e interfira na produção final do setor”.

Eduardo de Carvalho, presidente da Unica – União da Agroindústria Canavieira de São Paulo diz que em 40 anos de atividade no setor, nunca conheceu o clima ideal, admite que o índice pluviométrico de fevereiro foi baixo mas está otimista. “Em 40 anos de atividades na área eu nunca conheci o clima ideal. Os índices pluviométricos de fevereiro foram bem baixos, mas a chuvas de janeiro foram muito boas, trabalhamos com gramínea e é um produto muito resistente e se chover daqui a 10 ou 15 dias estará tudo bem e o pessoal vai reclamar que está chovendo muito”, afirma.

O presidente da Unica diz não estar preocupado com o dia de amanhã, “mas com a expansão que deveremos ter em dez, quinze ou vinte anos”, finaliza.

Segundo a Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Paraná (Alcopar), a seca que atinge o Paraná desde janeiro poderá ter impactos na safra. “As perdas podem atingir até 3% da colheita no Estado”, informa José Adriano Dias, diretor superintendente da entidade.