As usinas do Centro-Sul do país deverão colher uma safra entre 362,5 milhões de toneladas e 367,5 milhões de toneladas na safra 2005/06, de acordo com cálculos preliminares da Job Economia e Planejamento. Segundo Júlio Maria Martins Borges, a safra deverá ser entre 35 milhões e 40 milhões maior, considerando os 6 milhões de toneladas de cana que foram deixadas nos canaviais.
Martins Borges, que participou ontem do seminário “Economia brasileira e a dinâmica do mercado sucroalcooleiro”, organizado pela Açúcar Guarani, disse que o Brasil só não terá uma safra recorde, se ocorrerem catástrofes climáticas.
Segundo Martins Borges, os preços internacionais do açúcar podem não ter mais suporte para novas altas. Borges disse que os fundamentos de mercado podem indicar uma tendência de recuo ainda nesta safra. A expectativa de uma nova safra recorde no Brasil e a recuperação da produção de cana dos países asiáticos, principalmente na Índia e no Paquistão, podem tirar a sustentação dos preços. Hoje os preços estão entre 9 e 9,3 centavos de dólar na bolsa de Nova York.
Mesmo com essa expectativa baixista, os preços médios do produto
na safra 2005/06 devem ser superiores aos do ciclo anterior, que ficou em 7,8 centavos de dólar.
Para Martins Borges, o Brasil continuará sendo principal exportador de açúcar, com a demanda aquecida no mercado internacional. A expectativa é de que as exportações brasileiras de açúcar subam entre 2 milhões e 2,5 milhões de toneladas, superando 20 milhões de toneladas na nova safra.
Para a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), a safra ainda não está definida. Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica, disse que a Unica deve soltar sua primeira projeção na primeira quinzena de abril.
Segundo ele, a Unica projeta que a nova safra será mais alcooleira e a produção de álcool no Centro-Sul deverá ser 1,5 bilhão de litros maior nesta safra, superando os 15 bilhões de litros nesta safra.
O clima até janeiro tem colaborado. Rodrigues afirmou que o quadro de chuvas até janeiro deste ano está melhor que na comparação com o mesmo período do ano anterior. A dúvida do setor será o desempenho do clima em fevereiro, uma vez que o Estado de São Paulo e parte do Paraná foram atingidos pela seca.
O álcool também continuará sendo as apostas dos países produtores de cana-de-açúcar, que se organizam para implementar a miistura do álcool na gasolina, a exemplo do Brasil, disse Jacyr da Silva Costa Filho, da Sociedade Corretora de Álcool (SCA). Nos últimos seis anos, a produção mundial de álcool saltou dos 31 bilhões de litros para 41 milhões de litros, impulsionada, sobretudo, pelos Estados Unidos. Os americanos são o segundo maior produtor mundial de álcool, atrás do Brasil.