O Programa Combustível do Futuro, lançado recentemente pelo Ministério de Minas e Energia e aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), foi tema da reunião virtual do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), da Fiesp, realizada na sexta-feira (02).
Jacyr Costa, presidente do Cosag, destacou a relevância do assunto não só para a indústria, mas também para o país e afirmou que o mundo caminha para uma economia de baixo carbono.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ressaltou que o Brasil tem contribuído para essa transição, tendo novas fontes de energia como a eólica, a solar e os biocombustíveis têm cada vez maior participação na matriz energética nacional.
Entretanto, as incertezas nos preços do petróleo e as tensões geopolíticas causam grande preocupação nas políticas públicas voltadas ao setor energético. Com isso, o uso da energia sofre modificações, e, de acordo com o ministro, o setor de transporte poderá ser o maior impactado.
Para atender a uma demanda crescente de energia, em um cenário de restrições às emissões locais e globais de Gases de Efeito Estufa (GEE), Albuquerque frisa a importância de aumentar a eficiência energética e o uso de biocombustíveis. “A matriz energética brasileira é um patrimônio e devemos divulgá-la e fortalecê-la cada vez mais”, enfatizou.
Albuquerque afirmou que o Brasil possui matriz energética única: hoje 49% dela conta com participação das renováveis, enquanto, no mundo, a média se encontra em 11%. Atualmente, os produtos derivados da cana-de-açúcar representam 19% da oferta interna de energia do país, ou seja, a segunda maior fonte. De acordo com dados apresentados pelo ministro, em 2030 a parcela renovável da nossa matriz energética permanecerá em patamares elevados, o que coloca o país à frente desse processo de transformação.
LEIA MAIS > BMW testa motor a etanol para seu carro elétrico
A mudança climática é um dos principais desafios enfrentados pelo mundo. No Brasil, a descarbonização da matriz passa pelo uso de combustíveis no setor de transporte. Com as premissas do RenovaBio, os biocombustíveis responderão por quase 30% do consumo desse setor em 2030.
Alburquerque informou que um dos instrumentos da política de redução de GEE, para a comercialização de biocombustíveis, será o incentivo à emissão de créditos, com vistas à descarbonização, denominada Cbio [ativo emitido por empresas licenciadas, que corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) a menos na atmosfera] a fim de cumprir as metas que foram estabelecidas, com o preço médio de R$ 43,66 o título.
Além do RenovaBio, considerado o maior programa do mundo de descarbonização da matriz de transporte, o CNPE instituiu, em abril de 2021, o programa Combustível do Futuro, mais um passo rumo à liderança brasileira na transição energética. O principal objetivo é propor medidas que incrementem a utilização de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono, bem como o desenvolvimento de tecnologia veicular nacional.
O programa conta com um comitê técnico, composto por 15 órgãos, e coordenado pelo Ministério de Minas Energia. Um de seus papeis é propor metodologia de avaliação do ciclo de vida completo dos combustíveis, recomendar medidas para uso de combustíveis de referência por parte do consumidor, bem como sugerir ações a fim de fornecer informações adequadas para o brasileiro como incentivo à escolha consciente do veículo, considerando-se os aspectos de eficiência energética e ambiental.
Albuquerque conclui com as metas de descarbonização estabelecidas pelo RenovaBio, que visam a redução da intensidade de carbono na matriz de transporte brasileira em 10% até 2030; em 10 anos, 620 milhões de toneladas de carbono evitadas na atmosfera.
LEIA MAIS > Cotação do açúcar sobe devido à preocupação com efeitos da geada
O encontro também teve a participação de José Mauro Coelho, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis no Ministério de Minas e Energia e de outros executivos, como o CEO da Volkswagen na América do Sul, Pablo Di Si, que mostrou os objetivos para descarbonização da empresa, ressaltando os benefícios ambientais do etanol e a necessidade em buscar uma solução que tenha escala global.
Di Si tem sido um defensor do uso de etanol, afirmando ser um produto fundamental quando se fala em descarbonização na indústria automobilística, pois ele apresenta sustentabilidade em toda a sua cadeia.
Segundo ele, “a Volkswagen do Brasil está adotando o abastecimento com etanol em todos os veículos flexfuel de sua frota interna, fazendo com que deixemos de emitir cerca de 1.700 toneladas de CO2 por ano na atmosfera”. Trata-se de uma das ações da companhia, que tem como objetivo obter maior eficiência ambiental, com foco na neutralização de CO2.
O CEO da Bosch no Brasil, Besaliel Botelho também participou do encontro virtual. O executivo destacou as diversas rotas tecnológicas para se obter a neutralidade em carbono e a relevância da engenharia brasileira no desenvolvimento destas tecnologias utilizando o conhecimento no uso de biocombustíveis.