Gestão Administrativa

Campanha contra incêndios busca reduzir prejuízos causados pelo fogo nas lavouras

Iniciativa realizada desde 2015, ganhou novos parceiros

Campanha contra incêndios busca reduzir prejuízos causados pelo fogo nas lavouras

A Campanha de Conscientização, Prevenção e Combate aos Incêndios, parceria entre a ABAG/RP, Usinas e Produtores Rurais, que é realizada desde 2015, ganhou novos parceiros dos setores público e privado. Com isso o alcance será ampliado, impactando positivamente tanto o público urbano quanto o rural.

No evento de lançamento, ocorrido em 7 de junho, Otávio Okano, gerente Regional da Cetesb, em Ribeirão Preto – SP, lembrou que a grande preocupação hoje é o elevado número de queimadas urbanas, pois no campo o setor produtivo tem sido proativo na prevenção e no combate ao fogo, e no engajamento em prol da educação e conscientização, como a Campanha.

O promotor público de São Carlos, Flávio Okamoto, comentou a respeito dos mapas de calor, divulgados pela Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade da Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente. Os levantamentos mostram que de 2014 a 2020, os incêndios na cidade ocorreram mais próximos ao perímetro urbano, o que pode significar a ação ou omissão do homem nessas ocorrências. Ele é um entusiasta da união de forças para trabalhar a prevenção dos incêndios.

Outro importante parceiro é a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A grande capilaridade das coordenadorias permitirá a disseminação das informações de educação e prevenção da Campanha. Além das peças publicitárias, que mostram as principais causas de incêndios, a SAA fará chegar aos produtores rurais e cooperativas os mapas do “Indicativo de Incêndios”, que mostram diariamente as áreas mais suscetíveis ao fogo.

Esse levantamento foi contratado junto à Somar Meteorologia, e correlaciona as condições observacionais e de previsão de chuva em curto e médio prazo, umidade relativa, balanço hídrico e outras variáveis meteorológicas, apontando, com mais precisão, as áreas e regiões com maior potencial de risco de ocorrência e propagação de fogo. Essa informação é primordial para a prevenção, conforme mencionado no evento por Alexandre Grassi, da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável. Segundo ele, os técnicos da SAA serão os multiplicadores.

O “Indicativo de Incêndios” reforçará também as informações da Operação Corta Fogo, da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, e passarão a fazer parte dos links da Operação. Segundo Sérgio Murilo, especialista ambiental da Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade, essa articulação com o setor produtivo é fundamental para alcançar as metas de prevenção e mitigação dos impactos do fogo.

Os mapas serão disponibilizados, diariamente, durante cinco meses, no hotsite da Campanha: https://www.incendiosprevina.com.br/indicativo-de-incendios/ e nas mídias sociais da ABAG/RP e dos parceiros.

Todos contra os incêndios

Com previsões de um ano extremamente seco, tanto o setor público quanto o privado anteciparam os trabalhos de prevenção. A Polícia Ambiental, por exemplo, fiscalizou mais de 4 mil quilômetros, em 52 cidades da região de Ribeirão Preto, além de 60 mil hectares monitorados por satélite. O tenente Patrick Candido Barbosa, da 4ª Companhia de Policiamento Ambiental, falou sobre a importância da fiscalização e orientação para evitar que o ano repita ou aumente o número de ocorrências de 2020.

No ano passado foram registrados 6.123 focos de incêndios no Estado de São Paulo. Foi o segundo com maior número de focos desde o início dessa divulgação pelo INPE, em 1998, foram atingidos 111.295 hectares, só perde para 2010, quando o Estado registrou 7.292 focos de incêndios. O ano de 2020 foi especialmente danoso para a região de Ribeirão Preto que registrou a queima de 19.739 hectares de cana além de 9.500 hectares de matas.

O fogo representa prejuízos agronômicos e financeiros para o setor produtivo. As perdas ocorrem nas áreas naturais, conservadas ou reflorestadas; na queima das culturas antes do ponto de colheita, ou em áreas de rebrota, especialmente nas áreas de cana-de-açúcar. Em muitos casos exigem novos e vultosos investimentos em plantio. Há também os prejuízos ambientais, com a perda de anos de trabalho voltados para o reflorestamento de áreas de proteção, que que abrigam importante fauna silvestre.

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Segundo o Programa Etanol Mais Verde, foram mais de 46,6 milhões de mudas de árvores nativas plantadas desde o início do Protocolo Agroambiental, em 2007. Mais 132.000 hectares de áreas ciliares recuperadas, que envolvem 7.315 nascentes. Há ainda os prejuízos para a saúde, os incêndios continuam provocando problemas respiratórios, mais do que indesejáveis num momento tão delicado quanto o atual.

A prevenção dos incêndios por parte das usinas só tem crescido nos últimos anos, segundo números do Etanol Mais Verde. As 110 usinas signatárias e os produtores rurais têm contratados pouco mais de 11.100 brigadistas, todos treinados e capacitados, sendo 1.300 por fornecedores de cana e 10.402 por usinas. De equipamentos dedicados são 1.800 caminhões pipa, 475 de fornecedores e 1.387, de usinas.

Segundo o Indicador de Investimento em Prevenção, divulgado em reunião do Grupo Fitotécnico do Centro de Cana, em outubro de 2020, o investimento do ano para a prevenção foi da ordem de R$ 221 milhões. As informações foram obtidas com 92 unidades produtoras totalizando 3,3 milhões de hectares.

Mônika Bergamaschi

Mônika Bergamaschi, presidente do Conselho da ABAG/RP, e em nome de todos os parceiros, lembrou que a Campanha é realizada durante o período mais seco do ano, quando historicamente a ocorrência de focos de incêndio é maior, sendo este o momento ideal para disseminar as informações. “Conscientizar e engajar toda a sociedade urbana e rural é o nosso grande objetivo. Este ano temos a satisfação de ter ao nosso lado, além dos nossos parceiros do setor privado, a Secretaria Estadual da Agricultura. Com todos engajados na prevenção aos incêndios, minimizaremos os prejuízos ambientais, sociais e econômicos”, disse.

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Mônika lembrou que, graças aos parceiros, a Campanha extrapola o Estado de São Paulo, já que os grupos econômicos, que possuem unidades em outros estados, a própria ABAG e a Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil), com suas 32 associações fazem com que a conscientização e o trabalho de prevenção cheguem até os para os Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás.

São essas as companhias parceiras da campanha: ABAG/RP; Biosev; COFCO Internacional; Ester Agroindustrial; Grupo Pedra Agroindustrial; Grupo São Martinho; Grupo Tracan; Ipiranga Agroindustrial; Orplana; Socicana – Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba; Tereos; Usina Alta Mogiana; Usina Batatais; Usina Santa Fé; Usina Santo Antônio/Grupo Balbo; Usina São Francisco/Grupo Balbo e Usina São João.

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