A Tereos divulgou nesta quarta-feira (02), os resultados anuais 2020/21 e seu plano estratégico até 2024. O grupo reportou receita líquida de € 4.317 milhões, um crescimento de 1% a taxas de câmbio constantes, que reflete um desempenho misto do rendimento agrícola, com uma safra de cana-de-açúcar recorde no Brasil em um contexto de aumento do preço do açúcar, contrastando com uma safra de beterraba na Europa prejudicada por bioagressores e por uma situação meteorológica desfavorável.
Com relação ao quarto trimestre de 2020/21, a receita líquida consolidada da Tereos alcançou € 1.115 milhões, contra € 1.255 milhões no mesmo período de 2019/20, uma queda de 11% a taxas de câmbio correntes, e de 7% a taxas de câmbio constantes.
O EBITDA ajustado foi de € 465 milhões, representando um aumento de 11% a taxas de câmbio correntes. O lucro líquido de € -133 milhões foi impactado principalmente por € 76 milhões em depreciação de ativos. Já a alavancagem de dívida em queda, atingiu 5,5x; dívida líquida em € 2.533 milhões, com redução de € 24 milhões graças a um fluxo de caixa positivo de € 65 milhões.
Esse resultado foi possível graças ao excelente desempenho operacional das atividades no Brasil e um aumento do controle de gastos com investimentos e despesas gerais, desde a chegada da nova equipe de gestão em dezembro de 2020, em um cenário de recuperação de preços do açúcar e de uma mudança favorável na taxa de câmbio. “Esses fatores compensaram os efeitos do closterovírus (vírus da beterraba amarela) sobre a produtividade da beterraba na França, e o baixo desempenho da divisão de Amido, Adoçantes e Renováveis, demonstrando a resiliência do grupo em um ano difícil”, ressalta a companhia.
LEIA MAIS > Cocal recebe 1º Selo Nascentes concedido pela SIMA
No Brasil, a safra da companhia terminou em meados de novembro com um volume recorde de 20,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processadas e uma maior produtividade, em relação ao ano passado. O grupo alcançou bons níveis de produtividade agrícola e industrial, graças aos planos de desempenho e investimentos realizados durante os últimos anos.
Isso contribuiu para os resultados do grupo, mesmo com a desvalorização de 37% do real brasileiro em relação ao euro durante o ano fiscal, o aumento do volume de vendas impulsionou a receita líquida da divisão, sustentado pela safra brasileira excepcional e pelo aumento dos preços do açúcar e do etanol.
Assim, a receita líquida da divisão Açúcar e Renováveis Internacional foi de € 944 milhões no ano fiscal 2020/21, registrando uma queda de 2% a taxas de câmbio correntes e um aumento de 26% a taxas de câmbio constantes, em relação ao resultado do ano fiscal 2019/20, que foi de € 959 milhões.
No quarto trimestre de 2020/21, a receita líquida da divisão atingiu € 270 milhões, contra € 277 milhões no mesmo período de 2019/20, uma queda de 3% a taxas de câmbio correntes, e em aumento de 22% a taxas de câmbio constantes.
O EBITDA ajustado da divisão foi de € 246 milhões no ano fiscal 2020/21 e no quarto trimestre de 2020/21, totalizou € 71 milhões, contra € 80 milhões no mesmo período de 2019/20.
Gérard Clay, presidente do Conselho de Supervisão da empresa, destaca que “a Tereos é uma cooperativa cuja missão principal é garantir a melhor valorização possível, de forma contínua, da produção de seus membros. O grupo está ao serviço dos seus cooperados, por isso estamos determinados a intensificar a relação de proximidade, confiança e transparência que nos une”.
Neste sentido, durante o ano fiscal de 2020/21, o grupo realizou várias operações financeiras importantes, entre elas a de junho de 2020, quando fez um financiamento de 105 milhões de dólares, com vencimento de 5 anos, o primeiro empréstimo sustentável do Brasil no setor sucroenergético.
LEIA MAIS > Receita do CBIOs gera impasse entre produtores e usinas
A área de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) também teve foco, tendo o grupo conquistado várias certificações no período, sendo que 62% das matérias-primas foram avaliadas ou certificadas como sustentáveis, 55% da energia consumida nas usinas do grupo foi gerada a partir de fontes renováveis (+5 pontos em comparação com 2019/20) e 86% das instalações industriais da Tereos foram certificadas ISO/FSSC 22000 ou ISO 9001.
Com o objetivo de melhorar a rentabilidade de suas atividades e de reduzir a dívida, a companhia também fez um plano estratégico para 2024. Articulado em torno de três pilares de geração de valor, o plano tem os seguintes objetivos para 2024: margem EBIT de 5%, geração recorrente de fluxo de caixa positivo, dívida líquida inferior a € 2 bilhões e alavancagem da dívida inferior a 3x.
O grupo prevê alcançar o objetivo comunicado anteriormente de um EBITDA de € 600 a 700 milhões com um atraso de dois trimestres, ou seja, no final de setembro de 2022, numa base de 12 meses acumulados.
Para Philippe de Raynal, presidente da Direção Executiva da Tereos, a companhia virou a página da estratégia de volume e de crescimento externo. “Os resultados 2020/21 mostram que o grupo não está plenamente adaptado ao período pós-cotas. Existe uma grande margem de progresso. Com o nosso plano estratégico, a orientação é clara no sentido da geração de valor, da rentabilidade das atividades e do controle da dívida”, conclui.