A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) afirmou ser “estarrecedor” o pedido da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) ao Ministério de Minas e Energia (MME) para que seja reduzida a mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 18%.
A Fecombustíveis, que reúne 34 sindicatos patronais e a Abragás, que representa os interesses de cerca de 41 mil postos de combustíveis, o segmento de TRRs (Transportadores-Revendedores-Retalhistas) e os revendedores de GLP, com apoio do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (SINCOPETRO) e do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR – REGRAN, justificam a solicitação devido à baixa oferta do etanol anidro e etanol hidratado, ocasionada com a quebra na safra da cana e ao impacto das elevações do custo do etanol anidro na composição de preços da gasolina.
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Também ressaltam que distribuidoras regionais e vários revendedores relataram já enfrentarem dificuldade no fornecimento da gasolina em função da falta de etanol anidro, ocasionando racionamento nas entregas para os postos.
A UNICA rebate a justificativa, alegando ser falsa a informação de que existe restrição de oferta de etanol no mercado doméstico, lembrando que os dados de produção e estoque do biocombustível são apurados e disponibilizados, de forma pública e gratuita, periodicamente pelo MME, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
De acordo com a entidade, o Brasil, para fins de segurança energética, possui um Comitê de Monitoramento do Abastecimento de Etanol (CMAE), sob coordenação do MME, onde essas informações são periodicamente discutidas pelos agentes públicos e privados. O CMAE foi instituído pela Resolução CNPE nº 14/2017 e, entre outros aspectos, visa acompanhar o balanço de oferta e demanda de etanol e gasolina. “A última reunião do Comitê foi realizada há uma semana (06 de maio de 2021) e evidenciou a disponibilidade de etanol anidro para o pleno atendimento do consumo doméstico”, afirmou.
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Em nota enviado ao JornalCana, a UNICA ressalta que a safra na Região Centro-Sul, responsável por mais de 90% da produção, começou oficialmente em abril, e a oferta de etanol anidro, inclusive, deverá apresentar crescimento constante nas próximas semanas. “Ademais, pelo menos 80% da oferta necessária para o suprimento do biocombustível ao longo dos doze meses de safra já está contratada pelos distribuidores”, alegou.
Além disso, a entidade informa que a presença de etanol anidro como oxigenante da gasolina traz benefícios econômicos, técnicos e ambientais em relação aos combustíveis fósseis. O etanol permite um melhor aproveitamento da capacidade de refino interno, reduz a necessidade de importação de combustíveis e proporciona redução de 15% nas emissões de gases de efeito estufa em comparação à gasolina pura.
“A experiência brasileira de utilização do etanol, puro ou misturado à gasolina, é referência mundial, tanto que países como Reino Unido, Índia, Suécia e Colômbia anunciaram recentemente o incremento da utilização do biocombustível para fins de descarbonização de suas matrizes de transporte. Nesse cenário, é estarrecedor que interesses retrógrados e ambientalmente indefensáveis visem prejudicar a imagem do Brasil no exterior, com uma medida que faria aumentar as nossas emissões de gases responsáveis pelo aquecimento global”, conclui.