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PIB agro intensifica crescimento e alta no ano é de quase 17%

Indústria do açúcar teve destaque em 2020

PIB agro intensifica crescimento e alta no ano é de quase 17%

O ritmo de avanço do PIB do agronegócio brasileiro seguiu intenso em outubro, registrando crescimento de 2,78%, segundo cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizados em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Com isso, a alta acumulada no ano chegou a 16,81%, com o PIB agro mantendo desempenho anual recorde.

Pesquisadores do Cepea ressaltam que, em abril e em maio, o PIB agro cresceu lentamente, devido aos impactos negativos da pandemia sobre diferentes atividades do setor. No entanto, desde junho, o cenário tem sido marcado por recuperação e aceleração do crescimento.

Até setembro, o único segmento que acumulava redução no PIB era a agroindústria de base agrícola. Mas, após apresentar nova recuperação em outubro, o crescimento acumulado para esse segmento se tornou positivo.

De janeiro a outubro, os segmentos primário e de agrosserviços mantiveram destaque, com altas de 40,08% e de 14,74% no PIB, respectivamente. Como destacado em relatórios anteriores, para os agrosserviços, o resultado positivo do PIB reflete a continuidade do abastecimento do mercado doméstico e o excelente desempenho em termos de exportações – implicando em grande uso de serviços de comércio, transporte e armazenagem –, assim como a expansão da prestação de outros serviços às cadeias do agronegócio, como financeiros, de comunicação, jurídicos, contábeis e de consultoria, entre outros –, refletindo sobretudo o forte desempenho da agropecuária e da agroindústria da pecuária.

De acordo com pesquisadores do Cepea, o forte crescimento do PIB agropecuário reflete, pelo lado da oferta, a produção recorde de grãos na safra 2019/2020 e as expansões de produção de suínos, aves, ovos e leite. Por outro lado, reflete o forte avanço dos preços agropecuários reais, resultado dos aumentos expressivos na demanda, tanto externa quanto doméstica, e do alto patamar da taxa de câmbio.

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Para a indústria de fertilizantes e corretivos de solo, a projeção de alta do faturamento anual (11,55%) é impulsionada pelo crescimento esperado para a produção anual (15,71%), uma vez que, na comparação entre janeiro a outubro de 2019 e de 2020, houve recuo dos preços reais (-3,60%). Esses resultados imprimem o desempenho favorável das commodities agrícolas, que têm impulsionado a rentabilidade dos produtores e favorecido a relação de troca para insumos e, logo, a comercialização de fertilizantes.

Quanto à indústria de máquinas agrícolas, a projeção indica redução do faturamento anual (-1,82%), em virtude do recuo dos preços reais (-2,21%), na comparação entre períodos iguais, frente ao sutil crescimento esperado para a produção anual (0,40%). Conforme destacado em relatórios anteriores, a atividade foi fortemente afetada pelas medidas impostas para a contenção do novo coronavírus, culminando na paralisação temporária das atividades de inúmeras fábricas.

Dentre as culturas com projeção de crescimento do faturamento anual, destaca-se a cultura da cana-de-açúcar. A expansão esperada de 8,91% no faturamento é reflexo da alta nos preços reais, de 5,25% na comparação entre janeiro a outubro de 2020 e o mesmo período de 2019, e do crescimento de 3,48% na produção esperada. Segundo a Conab, a maior produção advém das estimativas de incrementos na área e na produtividade média (investimentos em tecnificação, melhorias de manejo e clima favorável). A elevação nas cotações reflete sobretudo o comportamento altista para o açúcar, como será retratado posteriormente.

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Mesmo com os impactos da pandemia, a indústria do açúcar teve destaque em 2020. Os aumentos na produção esperada, de 40,4%, e nos preços, de 23,2% na comparação entre períodos, resultam no avanço projetado de 73,0% no faturamento. A Conab aponta que o setor tem destinado uma maior quantidade de ATR para a produção de açúcar em detrimento do etanol, com o intuito de reduzir os impactos da crise que atingia o mercado nacional de biocombustíveis, causado pela queda nos preços e volumes comercializados do etanol.

Segundo a Companhia, essa estratégia teve respaldo das cotações do produto no mercado internacional (especialmente devido aos problemas climáticos que prejudicaram a lavoura tailandesa) e das indicações de demanda aquecida na Ásia. Com relação aos preços, a equipe Açúcar/Cepea evidencia que as cotações têm sido impulsionadas, de modo geral, pela projeção de déficit global (menor produção em importantes países produtores) e pela desvalorização cambial (que tem estimulado o aumento das exportações, e, consequentemente, reduzido a oferta no mercado spot). Esse cenário se manteve mesmo com a maior produção e também marcou o mês de outubro, com os preços avançando novamente.

No caso dos biocombustíveis, espera-se redução de 10,1% no faturamento, tendo em vista a produção anual esperada 7,9% menor e a queda de 2,3% nos preços na comparação entre períodos. Segundo a Conab, a redução esperada na produção se deve à mudança de estratégia das unidades produtoras, em favor do açúcar, como já destacado.

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No que tange ao preço, a equipe Etanol/Cepea aponta que a redução é reflexo principalmente da menor demanda na atual temporada, em decorrência da pandemia – o que, em conjunto à queda nas cotações do petróleo, pressionou fortemente os preços sobretudo em março e abril. A equipe destaca que essa queda não foi maior devido aos aumentos nas exportações brasileiras de etanol e no uso de etanol para outros fins.

De maio em diante, em geral, as cotações se recuperaram com a volta gradativa do consumo, por conta da flexibilização das normas de restrição, e com a vantagem competitiva do biocombustível frente à gasolina C. A equipe Etanol/Cepea ainda destaca que o mês de outubro foi marcado pela continuidade do reaquecimento da economia e aumento da mobilidade da população (redução das medidas de isolamento) e, consequentemente, da demanda por combustíveis.