Mercado

Tecnologia brasileira conquista o mercado externo

O Brasil tem demonstrado a sua força no setor sucroalcooleiro, com uma importante atuação no mercado externo. Empresas como a TGM, Smar, Dedini e Equipalcool, entre outras, mostram que o País possui tecnologia de ponta nessa área, fornecendo equipamentos e desenvolvendo projetos para usinas e destilarias de todos os continentes. Somente a Smar, de Sertãozinho (SP) conta com dez subsidiárias no exterior, que atuam na Alemanha, França, China, México, Estados Unidos, Argentina, Emirados Árabes e Cingapura, além de ter uma fábrica em Nova York.

Com tecnologia própria e capital 100% brasileiro, a empresa — que sempre teve íntima ligação com o setor sucroalcooleiro — é o maior fabricante de transmissores e controladores digitais do Hemisfério Sul. A sua linha de produtos, voltada para a área de controle de processos, é direcionada, também, para outras atividades industriais, entre as quais, papel e celulose, petróleo, mineração, energia e siderurgia. Segundo o diretor internacional da empresa, Carlos Roberto Liboni, a Smar obtém parte do seu faturamento com os rendimentos obtidos em negociações realizadas no Brasil”, afirma.

Entre os mais recentes projetos implantadas pela Smar no exterior, destaca-se a caldeira de bagaço a gás, com tecnologia foundation fieldbus, instalada no Ingenio San Carlos, do Equador. Essa caldeira Caldema, de 42kg/cm2, 120 TVH, totalmente instrumentada pela Smar, é a primeira a operar fora do Brasil. A empresa de Sertãozinho fez, também, recentemente a automatização da produção de álcool da nova Destilaria Dedini da Azucareira Paraguaya. “Na Ásia, a Smar acaba de fechar um contrato para a automatização de quatro tachos de cozimento de açúcar refinado com a NY Sugar, da Tailândia”, informa Eduardo Munhoz, diretor da Divisão de Açúcar e Álcool da empresa.

O campeão de vendas da Smar para o setor sucroalcooleiro no exterior é o transmissor de pressão LD301 — que é também o mais vendido no Brasil —, seguido de perto pelo medidor de densidade Touché DT301, que foi recentemente instalado, entre outros lugares, na Usina Mith Phol Suphanburi – pertencente ao maior grupo açucareiro da Tailândia – e em duas usinas do CRS Group, em Melbourne, Austrália .

Made in Brazil predomina em usinas e destilarias estrangeiras

Plantas completas da Dedini e turbinas da TGM são alguns destaques brasileiros no mercado externo

A presença do País no exterior é tão significativa que a tecnologia brasileira torna-se predominante em muitas destilarias e usinas. A Dedini S/A Indústrias de Base, de Piracicaba, SP, por exemplo, é líder mundial no fornecimento de plantas completas, sendo responsável pela implantação de muitas unidades no exterior. A empresa fechou, recentemente, acordo com a Uttam Sucrotech Limited, de New Délhi, Índia, para a transferência de tecnologia visando a construção de destilarias naquele país. A Uttam prevê a construção de aproximadamente trinta unidades no primeiro ano de vigência de contrato. A Dedini – que receberá o pagamento de 5% de royalties por destilaria – pretende ampliar a parceria com a empresa indiana para a implantação de projetos em países vizinhos.

Mercado começou a ser ampliado há 4 anos

O mercado no exterior para as empresas do setor sucroalcooleiro começou a se abrir efetivamente há cerca de 4 anos. A conquista da América Latina foi o primeiro alvo das empresas. Nessa época, por exemplo, a TGM Turbinas Indústria e Comércio, de Sertãozinho (SP), começou a fazer suas “investidas” no mercado latino. No caso da TGM Turbinas, a empresa anteviu o mercado crescente e criou rapidamente uma rede de representantes da Unisystem, que permitiu a instalação de turbinas a vapor em países importantes como o México, Guatemala, Honduras, El Salvador, Colômbia, Equador, Peru e Argentina. “A partir de 2.004, pretendemos atuar na Ásia. Com esse mercado, a nossa meta é aumentar as vendas no exterior de 20% para 30% em relação ao faturamento total da empresa”, avalia o gerente comercial, Júlio César Bianchini. De acordo com ele, a aceitação das turbinas TGM deve-se à qualidade dos serviços, tecnologia e preço. “A nossa previsão é instalar uma oficina na América Central”, diz.

O reconhecimento da qualidade dos produtos e serviços brasileiros, na área de açúcar e álcool tem aberto as portas no mercado externo para empresas de pequeno porte. A Planalcool, uma prestadora de serviços na área de engenharia , que funciona no centro de Ribeirão Preto (SP), já conquistou uma “fatia” desse cobiçado mercado. Parceira da norte-americana Raphael Katzen Associates International, que é detentora de tecnologia da peneira molecular, a Planalcool prestou consultoria para usinas da Espanha e Índia durante a implantação desse sistema de desidratação do álcool anidro. A empresa de Ribeirão Preto já fez detalhamento de projeto para destilaria de Ilhas Virgens, na América Central, além de ter atuado em diversos países da América Latina. “O número de pedidos de orçamentos de usinas estrangeiras têm aumentado”, revela Carlos Alberto de Castro, engenheiro de aplicações da Planalcool.

Desbravadores abrem novas frentes no mercado externo

Business Development Manager faz ´prospecções internacionais´ e amplia atuação da Smar em países como Tailândia e Austrália

Técnicos, engenheiros, gerentes e diretores de empresas brasileiras formam um “batalhão” de expedicionários que projeta a tecnologia nacional em diversos países, traz para o Brasil muitas inovações, realiza um importante intercâmbio tecnológico e deixa o setor sintonizado com as tendências mundiais. Eles são desbravadores do mercado externo. Viajam por todos os continentes, demarcando território para a tecnologia brasileira nos setores de açúcar e álcool. Um desses “peregrinos” é o Business Development Manager — BDM (Gerente de Desenvolvimento de Negócios) da Smar, Jayme Tamaki Júnior, que tem feito algumas “prospecções internacionais” – como ele mesmo define as suas ações nessa área.

Jayme — que começou na empresa, em 1984, como atendente da assistência técnica — iniciou as suas incursões comerciais no exterior, em 2001, com viagens à Austrália, onde participou como expositor de um congresso internacional. Nessa época, ele já era gerente de negócios, cargo que assumiu em 1999 depois de trabalhar em várias funções na empresa. A sua nomeação como BDM ocorreu, recentemente, em 25 de agosto. Em fevereiro deste ano, realizou um seminário, para a demonstração da tecnologia e equipamentos da Smar, voltado para técnicos, gerentes e diretores de usinas e destilarias das Filipinas, Tailândia, Malásia, Nova Zelândia, Indonésia e Índia.

As “prospecções” de Jayme já deram resultado, com a realização de vendas de serviços e produtos da empresa em usinas da Tailândia e Austrália. “Esse trabalho de abertura de fronteiras tem sido gratificante”, diz. O gerente da Smar tem a agenda internacional repleta de compromissos para este ano. Em outubro, fará outros seminários nas Filipinas e África do Sul. No mês de novembro, acompanhará o start up, na Tailândia, de quatro tachos de cozimento de açúcar refinado, automatizados pela Smar, em uma viagem que durará aproximadamente quarenta dias. “Tudo isto tem sido possível devido ao apoio da família e da própria Smar”, enfatiza ele que é casado e tem dois filhos.

Equipalcool traz sistema inovador

A Equipalcool está ampliando a sua atuação no exterior por meio de parcerias. A empresa de Sertãozinho (SP) firmou um acordo com a Calgon Carbon Corporation, dos Estados Unidos, para o desenvolvimento tecnológico e mercadológico do sistema ultra filtragem e troca iônica no tratamento de caldo. O acordo foi acertado depois de um ano de reuniões técnicas e estudos para ´tropicalização´ do projeto. O novo sistema conhecido como White Sugar Mill — WSM tem o objetivo de tornar o processo de produção de açúcar cristal refinado mais eficaz, sem que seja necessário produzir o açúcar para refiná-lo.

O WSM trata o caldo antes de extrair o açúcar, retirando dele grande parte das impurezas por meio da ultra filtração. Com a utilização de troca catiônica e aniônica para retirada de cinzas e sais, obtém-se o caldo com cor Incumsa abaixo de 100. O sistema não provoca nenhum tipo de incrustação nos evaporadores, aumentando a sua eficiência nessa etapa do processo. Devido à ausência de cinzas e enxofre, a cor do açúcar cristal refinado fica abaixo de 40.

As incursões da Equipalcool no exterior não páram aí. “Fiz uma viagem para a África do Sul, no final de julho, para conhecer essa tecnologia que será inovadora no Brasil. Até o final de 2003, pretendemos trazer para o Brasil, um protótipo e fazer uma série de testes que determinarão a implantação do sistema no País”, afirma Reinaldo Alioti, diretor de produção industrial da Equipalcool. O WSM já está sendo utilizado no continente africano, principalmente nas cidades de Johannesburg e Durban. O novo processo está sendo apresentado nesta Fenasucro.

Serviço

Dedini S/a Indústrias de Base – Piracicaba – SP – Tel. 19 3403-3222

Equipalcool Sistemas – Sertãozinho – SP – Tel. 16 3945-1818

Planalcool Engenharia e Planejamento Industrial- Ribeirão Preto – SP – Tel. 16 610-5656

Smar Equipamentos Industriais – Sertãozinho – SP – Tel. 16 3946-3500

TGM Turbinas Indústria e Comércio – Sertãozinho – SP – Tel. 16 3945-2600

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