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Consequências da antecipação da safra dividem o setor

O setor sucroalcooleiro tem opiniões distintas quando o assunto tratado é a conseqüência da antecipação da safra no Centro-Sul. De acordo com especialistas, se por um lado o setor recuperou sua imagem junto ao governo e reconquistou o consumidor, por outro teve perdas, principalmente na qualidade da planta.

Para Valter Sticanella, gerente técnico de planejamento da usina paranaense Usaciga, a antecipação da safra provocou uma perda de 7% no teor de sacarose.

Segundo Sticanella, as usinas do Paraná deverão sofrer mais com a antecipação da safra, já que geralmente o teor de açúcar é menor do que de São Paulo. “Iniciamos a safra com canas mais imaturas, o que interfere na produção final das unidades”, frisa.

Para Octaviano Girotto, gerente industrial da Usina paulista São José da Estiva, a antecipação da colheita também poderá influenciar o resultado final da safra, pois em 2002, a unidade começou a colher em 25 de abril, com um índice de 141,5 kg ATR/tonelada de cana. Em 2003, a unidade iniciou a colheita no dia 18 de abril, com 132,7 kg de ATR/tonelada, ou uma diferença de 8,8 kg de ATR/ton de cana.

A assessoria de imprensa da Unica – União da Agroindústria Canavieira de São Paulo explica que o setor foi muito beneficiado ao antecipar a safra e cumprir o acordo de produção com o governo federal.

Segundo a entidade, apesar de ajustes técnicos, tem bom estoque para a entressafra, conquistou confiabilidade do governo e dos consumidores, tem novos mercados externos: como Japão e Estados Unidos e conseguiu retornar a mistura de 25% de álcool na gasolina. A Unica lembra que as negociações com fornecedores e usinas demonstram maturidade no sistema de gestão sucroalcooleira.

Segundo o engenheiro agrônomo, Oswaldo Alonso, gerente da Divisão Técnica da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo – Canaoeste, com a antecipação e o aumento da colheita diária, a planta não desenvolveu bem, mas as condições do canaviais estão dentro da normalidade, “se compararmos com a safra passada. Para mim só existe um impacto negativo, se compararmos com a safra anterior”.

Alonso explica que a safra de 2002/03, apresentou um índice atípico de 150 kg de ATR/tonelada de cana e este ano, a marca poderá chegar a 147 kg ATR/ton, que é a média da safra. “A frequência de chuvas não era esperada, já que pode ser prejudicial para a colheita e interferir no resultado final. Em maio choveu 86 mm na região de Ribeirão Preto, a média histórica é de 53 mm”, finaliza.

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