Mercado

El Niño, o fenômeno, pode prejudicar o Nordeste

O fenômeno climático El Niño revela-se promissor para a cultura de cana-de-açúcar da região Centro-Sul, enquanto pode penalizar o cultivo na região Nordeste. A incidência de chuvas, que deve prevalecer até março nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, favorece o crescimento da planta. Já em regiões mais áridas de Pernambuco a estiagem atual, que já deveria ter cedido às chuvas, sinaliza um inverno menos rigoroso.

“Podemos ter problemas na produção de plantas para 2004”, diz o engenheiro agrônomo Djalma Euzébio Simões Neto, coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar da Estação Experimental do Carpina. Segundo ele, principalmente no sertão pernambucano a incidência pluviométrica deveria ter começado. Embora pouco canavieira – e o que há de cana é cultivado por meio de irrigação -, a região serve de “termômetro” para outras regiões do estado.

Conforme a expectativa do executivo da Estação do Carpina, as chuvas que normalmente são registradas entre maio a agosto – e que favorecem o crescimento natural das plantas – poderão cair com menos freqüência. Contudo, ele lembra que como os preços da cana-de-açúcar estão remuneradores desde a safra passada, os produtores investiram mais em tratos culturais. “Sendo assim, poderemos repetir a disponibilidade de matéria-prima por conta desse aporte”.

O Nordeste deve fechar o ciclo 2002/03 com 49 milhões de toneladas de cana. Mais da metade foi colhida até a primeira quinzena deste mês. Segundo os técnicos da Estação, a safra segue normal e deve terminar em março, apesar do registro de chuvas nos litorais Norte e Sul, um empecilho adicional já que quase a totalidade da colheita é feita por meio de queimada. A maioria dos canaviais de Pernambuco concentra-se no litoral Sul, em que vem predominando a seca, uma excelente “ferramenta” para concentrar mais açúcar na planta. “O litoral Norte, também com seca, é o que mais sofre porque não tem muitas opções de cultivo por irrigação”, observa o coordenador.

No Centro-Sul, o El Niño – fenômeno que causa o aquecimento das águas do Oceano Pacífico – revela-se um aliado para o campo. Prognóstico do Instituto Nacional de Meteorologia – Inmet, mostra que o verão será de chuvas acima da média registrada nas últimas décadas nesse período.

A incidência deve ser descontinuada, com ocorrência de períodos sem chuva de sete a 15 dias e temperaturas muito elevadas, chegando a 40ºC. Essa alternância deve favorecer o perfilhamento e o engrossamento da planta, conforme previsão dos técnicos do Centro de Cana-de-Açúcar do Instituto Agronômico —IAC.

Banner Evento Mobile