A persistência das chuvas pode prejudicar a safra de grãos em Ribeirão Preto e região, no interior paulista. O milho, soja e amendoim cultivados nas áreas agrícolas entram na fase de colheita a partir de março e, caso a incidência pluviométrica prossiga, a produtividade será afetada.
Grãos como o milho sofrerá com mofo e fungos, além das espigas ficarem menores. Além disso, as colhedoras terão dificuldades de penetrar nos terrenos se eles estiverem dominados pelas águas de chuva.
O prognóstico da chamada safra de verão – ou das águas – de grãos só deve sair no começo de março. Atualmente, os técnicos do Escritório de Desenvolvimento Rural de Ribeirão Preto – EDR – realizam a apuração de informações com os engenheiros das 19 Casas da Agricultura dos respectivos 19 municípios atendidos pelo órgão.
Segundo o diretor técnico da EDR, Guilherme Martins de Souza Leite, dificilmente o resultado do prognóstico modificará o perfil produtivo de Ribeirão Preto e região porque a base da agricultura regional é a cana-de-açúcar. Dos 650 mil hectares de área agrícola dos 19 municípios, 300 mil deles são ocupados pela matéria-prima do açúcar e do álcool. Os dados são da Secretaria Estadual da Agricultura, com base na apuração da safra de 2002.
Depois da cana-de-açúcar, o amendoim é o grão mais cultivado na região, em 14 mil hectares. O milho fica em segundo lugar, com 13 mil hectares, seguido da soja, com 12 mil hectares. O café ocupa 5,6 mil hectares e a laranja ocupa 3,2 mil hectares.
Os 650 mil hectares da área agrícola de Ribeirão Preto e região são espalhados por seis mil propriedades, das quais 1,3 mil cultiva milho. “O grão é semeado apenas por pequenos agricultores, com áreas médias entre 200 a 500 hectares”, explica Leite.
O levantamento de intenção de plantio para o ano agrícola 2002/03 no interior paulista, efetuado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) e pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), revela que em termos agregados a área a ser cultivada com as principais culturas das águas deverá ter acréscimo da ordem de 2,7% em relação ao ano agrícola anterior. Os agricultores mostraram a intenção de aumentar o plantio de quatro das sete culturas consideradas.
Para a cultura do algodão, os resultados indicam a perspectiva de queda de área de 1,6%, que pode ser reflexo dos preços desfavoráveis obtidos na comercialização do produto em 2001/02. Quanto ao amendoim das águas espera-se provável diminuição de área (3,6%), tendo em vista o desestímulo dos produtores frente aos baixos preços praticados na safra passada.
Para a cultura do arroz espera-se estabilidade na área plantada (0,5%), enquanto para a batata das águas o levantamento indica um significativo aumento de 16,3%, que pode ser atribuído à recuperação dos preços de mercado praticados na safra recém-terminada.
A expectativa da safra, relativamente à passada, será de retração de área para a cultura de feijão das águas, da ordem de 8,0%, decorrente das condições climáticas adversas no período de plantio.
A área destinada à soja deverá ser 5,2% maior em 2002/03, aumento que pode ser justificado pela taxa cambial favorável às exportações e bons preços internacionais de comercialização do produto.
Espera-se para a cultura do milho aumento de 2,9% na área, devido às boas condições de mercado durante a comercialização do produto na safra 2001/02. Alterações conjunturais poderão modificar esta intenção de plantio.
Para a cana-de-açúcar destinada à indústria, os aumentos esperados são de área (1,9%), de produção (6,9%) e de rendimento (3,8%) em virtude dos preços satisfatórios.
Para o milho safrinha foram confirmados os decréscimos de área, de produção e de produtividade previstos em junho de 2002, resultantes das condições climáticas adversas durante o desenvolvimento da cultura.
Na cafeicultura, os dados confirmaram pequeno aumento de área (0,3%) e grande acréscimo de produtividade (50,4%), em relação a 2000/01, proporcionados pelo ciclo bianual da cultura e pela recuperação dos preços de comercialização do produto.
No levantamento final da safra agrícola 2001/02 de laranja, o aumento de 14,6% registrado na produção, em relação à safra passada, foi atribuído a maior área (2,8%) e produtividade (10,0%) (melhores tratos culturais).