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BIOTA/FAPESP - um modelo para programas de pesquisa em caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade

Apesar de altamente técnica e confiável, a informação disponível sobre nosso patrimônio biológico é: fragmentada, dispersa, de difícil acesso e, consequentemente, subutilizada. Além disso, em função da falta de uma base cartográfica atualizada, a localização das coletas é geralmente imprecisa. O grande desafio nesta área estratégica para o desenvolvimento do País era sistematizar a coleta, o armazenamento e a integração destas informações, usando ferramentas de sensoreamento remoto, geoprocessamento e bio-informática. Criado oficialmente em março de 1999, o Programa de Pesquisas em Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, denominado Programa BIOTA/FAPESP – O Instituto Virtual da Biodiversidade (www.biota.org.br) é o resultado de três anos de planejamento e articulação de um grupo de pesquisadores que, com o apoio da FAPESP, sensibilizou a comunidade científica para a necessidade de ações concretas para a implementação da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) assinada pelo governo brasileiro durante a ECO-92.

Hoje este amplo programa de pesquisas em conservação da biodiversidade, que subsidia estratégias públicas de planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável, envolve cerca de 450 pesquisadores doutores de instituições de pesquisa do Estado de São Paulo, além de 70 pesquisadores de outros estados e cerca de 50 pesquisadores do exterior. Considerando os alunos de Iniciação Científica, Capacitação Técnica, Mestrado e Doutorado podemos dizer que a comunidade BIOTA/FAPESP tem cerca de 900 pessoas. Em termos institucionais esta rede envolve as 5 Universidades Públicas do Estado (USP, UNICAMP, UNESP, UFScar & UNIFESP), diversas Universidades Privadas (PUC, UNAERP, UNISANTOS, etc…), os Instituto de Pesquisa (I. Botânica, I. Florestal, I. Agronômico, INPE, etc…), Centros da EMBRAPA(CNPMA, CNPTIA, etc…) e diversas Organizações Não Governamentais (Centro de Referência em Informação Ambiental/CRIA, Instituto Socioambiental/ISA, Instituto Internacional de Ecologia/IEE, etc…).

Os objetivos em comum dos projetos do Programa BIOTA/FAPESP são estudar a biodiversidade do estado de São Paulo visando: a) compreender os processos geradores e mantenedores da biodiversidade, incluindo também aqueles que possam resultar em sua redução deletéria; b) sistematizar a coleta de informações relevantes para a tomada de decisões sobre as prioridades de conservação e o uso sustentável da biodiversidade; c) divulgar toda a informação gerada de maneira ampla, rápida e livre (acesso público e gratuito à informação) ; d) melhorar a qualidade do ensino, em todos os níveis e formas, sobre a natureza e os princípios fundamentais da conservação e do uso sustentável da diversidade biológica. Os projetos vinculados ao programa foram elaborados de forma a aumentar significativamente o nível do conhecimento acadêmico sobre a biota do Estado de São Paulo e, simultaneamente, produzir resultados que gerem subsídios para a definição ou aprimoramento de políticas públicas na área da conservação e do uso sustentável da biodiversidade. Era imprescindível, portanto, associar projetos visando a ampliação do conhecimento biológico, ecológico e científico com projetos de prospecção do potencial econômico das espécies nativas. Todos os Projetos do BIOTA/FAPESP estão integrados através do Sistema de Informação Ambiental/SinBiota (http://sinbiota.cria.org.br/). Este sistema tem como objetivo implantar uma rede eletrônica para integração e disponibilização de informações geradas, permitindo uma maior agilidade nas interações entre a conhecimento científico e os órgãos da administração responsáveis pelas tomadas de decisões. A integração entre o banco de dados textuais e a base cartográfica digital permitiu a criação do Atlas Biota (http://sinbiota.cria.org.br/atlas/).

Solucionada a questão da integração dos dados biológicos que estão sendo coletados hoje, restava questão da integração do gigantesco acervo existente nas coleções biológicas (Museus, Herbários, Coleção de Cultura, etc….). Neste sentido o Programa BIOTA/FAPESP lançou o Sistema de Informação para coleções biológicas, definido como Species Link (http://splink.cria.org.br/), como uma dos produtos do Sinbiota, que visa a recuperação e disponibilização dos dados biológicos e de biodiversidade, disponíveis em 12 coleções biológicas no Estado de São Paulo.

Em junho de 2003 o Programa lançou a Rede Biota de Bioprospecção e Bioensaios/BIOprospecTA (www.redebio.org.br). A criação desta rede permitirá que o Programa BIOTA/FAPESP dê um passo importante para a viabilizar a conservação da biodiversidade do Estado de São Paulo. abrindo a possibilidade de gerar recursos para financiar a manutenção de parques e reservas, bem como de programas de pesquisa em conservação. Seria o tão falado, e pouco praticado, uso sustentável da biodiversidade, este fantástico patrimônio natural que herdamos e queremos preservar para as gerações futuras.

Completando este conjunto de ferramentas, em 2001 o Programa BIOTA/FAPESP lançou a BIOTA NEOTROPICA (www.biotaneotropica.org.br), uma revista científica “on line only” que publica os resultados de projetos de pesquisa, associados ou não ao Programa, relevantes para a caracterização, a conservação e o uso sustentável da biodiversidade na região Neotropical. Hoje a Biota Neotropica já está indexada pelo CAB International e pelo QUALIS da CAPES, integra o sistema SCIELO e faz parte do acervo eletrônico de bibliotecas no país e no exterior.

Dr. Carlos Alfredo Joly ([email protected]) & Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues ([email protected]).