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FIESP debate o uso dos biocombustíveis na matriz energética no Brasil

Intenção foi encontrar entraves para universalizar o uso dos biocombustíveis

FIESP debate o uso dos biocombustíveis na matriz energética no Brasil

O Brasil possui a matriz energética menos poluente entre os maiores consumidores globais no mercado de combustíveis. Isso devido à aplicação da bionergia nos transportes e na indústria e da hidroeletricidade, no setor elétrico.

A informação é do relatório divulgado pela AIE (Agência Internacional de Energia) divulgado recentemente e foi um dos assuntos debatidos durante reunião virtual dos Conselhos Superiores do Meio Ambiente (Cosema) e do Agronegócio (Cosag), realizada nos últimos dias.

“Estamos realizando este debate para entender quais são os entraves de termos um retorno à vida normal com maior aplicação, por exemplo, de etanol nos nossos veículos para que a gente possa manter a qualidade do ar e a saúde das pessoas. Além de valorizar e incentivando esse produto que é tão brasileiro”, disse o presidente da FIESP, Paulo Skaf.

O presidente do Cosema, Eduardo San Martin, lembrou que, por ano, quatro mil pessoas morrem na cidade de São Paulo por problemas decorrentes da poluição do ar. No estado, o número chega a 15 mil. “A aplicação massiva dos biocombustíveis vão contribuir muito para que a gente possa melhorar radicalmente a qualidade do ar que respiramos. Nós já temos a tecnologia, já sabemos como fabricar, utilizar”, reforçou.

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Jacyr Costa: é preciso universalizar uso do biocombustível

Jacyr Costa, presidente do Cosag, pontuou a importância de levantar a discussão para que seja possível identificar os entraves existentes que impedem a utilização acelerada desse tipo mais limpo de combustível. “Com a reunião de hoje, a nossa intenção é realmente conhecer os entraves para universalizar o uso dos biocombustíveis”, explicou.

Plínio Nastari, presidente da Datagro, listou os elementos essenciais de uma política eficiente para os biocombustíveis. Entre os pontos, estabilidade e segurança regulatória, economia na operação para atrair investimentos, estímulo ao desenvolvimento e aplicação de inovações. “Uma das questões mais importantes é a compreensão, por parte dos gestores públicos e dos demais agentes que atuam no setor, de que mais do que energia integrada à produção de alimentos, biocombustíveis representam uma estratégia de desenvolvimento econômico e social”, completou.

Plínio Nastari: biocombustíveis representam uma estratégia de desenvolvimento econômico e social

Nastari ressaltou que no Brasil existem três grandes regulações ou programas implantados para o controle de emissões e a promoção de maior eficiência energética no setor de energia para transporte. São eles: Proconve, RenovaBio e Rota2030. “Tais programas precisam ser coordenador e coerentes entre si”, disse.

O consultor lembrou que economia com a importação de gasolina, geração de mais de 870 mil empregos diretos e de 2 milhões de empregos indiretos, maior sustentabilidade e longevidade para o uso de derivados de petróleo, fortalecimento e apoio à indústria automotiva local, além do aumento do PIB per capita de UU$ 1098 nas cidades onde o etanol é produzido são algumas das vantagens de utilizar os biocombustíveis.

“É preciso ter uma visão estratégica para o futuro da mobilidade no Brasil. Temos tudo para fazer com que a produção e utilização dos biocombustíveis continuem em alta. É necessário que as regulações sejam coerentes e alinhadas e que seja feito um planejamento de longo a médio prazo”, completou o presidente da Datagro.

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Miguel Ivan: faltam pesquisas técnicas no setor para tornar RenovaBio mais forte

Miguel Ivan de Oliveira, diretor do Departamento de Biocombustíveis (DBIO), do Ministério de Minas e Energia, fez críticas à carência de pesquisas técnicas no setor e explicou o que é preciso superar para que o RenovaBio tenha uma atuação ainda mais forte. “Precisamos criar uma disciplina específica que, ao mesmo tempo, assegura a arrecadação tributária sobre as operações, mas sem onerá-las excessivamente. O que vai permitir um ciclo virtuoso de investimentos na expansão da produção de biocombustíveis e descarbonização”, informou.

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin foi um dos convidados do encontro. Ele é considerado um incentivador do uso de combustíveis “mais limpos”, já que reduziu o ICMS do etanol hidratado carburante de 25% para 12% em 2003 e colocou em circulação no estado os primeiros ônibus híbridos. Alckmin fez um alerta importante no que diz respeito à saúde das populações. “Esta discussão promovida pela FIESP é muito importante para a prevenção e promoção da saúde das populações. A poluição é um problema sério e que traz consequências graves”, finalizou.