Mercado

Carro a álcool pode impulsionar mercado de carbono

A parceria negociada entre Brasil e Alemanha para incentivar o aumento da frota a álcool brasileira será um grande avanço na popularização do mercado de créditos de carbono previsto no Protocolo de Quioto, na opinião de Laura Tetti, consultora do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável – Cebeds -em relato à Amcham Update.

“O álcool combustível é um projeto que o Brasil desenvolveu com reconhecida competitividade. Já existe uma realidade incontestável por trás disso, que facilitará a popularização das negociações de crédito de carbono”, afirmou Laura, em seminário sobre álcool realizado na Amcham-SP.

Os créditos de carbono são emitidos a partir de projetos de redução das emissões de gás carbono na atmosfera. Os compradores dos créditos são os países e empresas altamente poluidores. Espera-se que com a ratificação do Protocolo de Quioto por Canadá e Rússia, prevista para este ano, a convenção complete o número mínimo de países responsáveis por 55% das emissões de gases do efeito estufa, o que torna o protocolo lei e oficializa definitivamente esse mercado.

Para a especialista, o grande número de projetos inéditos de redução de emissões que vêm sendo apresentados e o excesso de regulamentações criadas para garantir a eficácia de atividades que não possuem antecedentes têm trazido entraves ao desenvolvimento do mercado de carbono. “Para funcionar, é preciso que existam regras claras e simples e arranjos institucionais fáceis”, disse Laura, destacando as vantagens ambientais já reconhecidas da substituição da gasolina pelo álcool. “Cem mil carros a álcool, por exemplo, gerariam uma redução de emissões de mais de 700 mil toneladas/ano de CO2”, comparou, destacando ainda que a cultura de cana-de-açúcar tem um dos mais baixos índices de erosão de solo e de uso de defensivos químicos.

Pela negociação em curso com o Brasil, a Alemanha vai ajudar o governo brasileiro a subsidiar a compra de 100 mil carros a álcool, a partir da entrega de um bônus de R$ 1 mil por unidade comprada por pessoas jurídicas que usarem o automóvel em transporte de mercadorias e passageiros, locações ou frotas da administração federal, estadual ou municipal. Em troca, o governo alemão adquire os certificados de redução de emissões resultantes dessa operação, que terá duração de dez anos. Além de dar novo estímulo à indústria automobilística, o Cebeds prevê que o projeto fomentará aumento na produção de cana-de-açúcar em 5,3 milhões de toneladas/ano e a criação de 20 mil novos empregos diretos e 60 mil indiretos.

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