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Usina Vale do Ivaí passa a ser cliente de ex-funcionários

Através da terceirização de alguns serviços, a Usina Vale do Ivaí S/A Açúcar e Álcool de São Pedro do Ivaí (PR) está participando do programa Parceiros do Brasil desenvolvido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae. A Usina passou a ser cliente de ex-funcionários que montaram pequenas empresas e passaram a atender os antigos patrões. São 65 novos negócios, entre transportadoras, oficinas, borracharia, lojas de peças para caminhões, que significam 150 novos empregos diretos.

Marcos Rogério Vindoca, gerente adminstrativo explica que tudo começou há dois anos. “A terceirização do transporte de cana-de-açúcar visava a redução de custos e o aumento de eficiência. Isso implicava em vender caminhões e tratores, desativar a oficina mecânica e reduzir funcionários”, diz.

Mas dessa forma os serviços passariam provavelmente para uma empresa de fora do Estado, abalando a economia desse município de pouco mais de 10 mil habitantes, a 414 km de Curitiba, que tem na cana-de-açúcar a principal atividade.

Segundo o gerente, as soluções surgiram em debates no Fórum de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (DLIS) de São Pedro do Ivaí. “Trata-se de uma metodologia de participação social em que os prefeitos dividem a responsabilidade sobre os destinos do município com as comunidades, os empresários, organizações não-governamentais e outras esferas do poder público”.

Os integrantes do Fórum procuraram o Sebrae do Paraná, que realizou projetos de viabilidade e cursos de capacitação para os novos empreendedores. Outro parceiro é o Banco do Brasil. Liberou, com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), uma linha de crédito especial no valor de R$ 2,5 milhões.

Foi assim que ex-funcionários puderam formalizar suas empresas e assumir, como sócios e empresários, os serviços que executavam antes como empregados. Criaram uma cooperativa para ter acesso mais fácil ao financiamento e poder de barganha na compra de insumos.

Motoristas compraram o caminhão da usina e abriram a própria transportadora, dando emprego a mais dois ou três antigos companheiros. Quem trabalhava com manutenção montou uma oficina. Uma mudança que estimulou novos negócios foi a comercialização de itens como óleo diesel, lubrificantes, pneus e ferramentas. Esses produtos passaram a ser comprados na própria cidade. Isso não acontecia quando a usina concentrava todas as atividades porque tudo era comprado fora. No novo modelo, a prioridade absoluta é o desenvolvimento da economia local.

José Carlos dos Reis, ex-funcionário da Usina, se orgulha de ter a melhor estrutura da região para atender caminhões e tratores. Na borracharia montada em 2001, ele emprega quatro ex-colegas da usina e já pensa em novos investimentos.

Outro ex-colaborador, Pedro Mendonça, também teve medo de encarar a empreitada, depois de trabalhar 18 anos no corte e no transporte da cana. Mas a esperança de tudo dar certo era maior que a preocupação. Hoje tem um sócio, com quem divide o financiamento e o volante do caminhão: um trabalha de dia e o outro de madrugada, revezando o horário a cada quinzena.

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