A conta de energia elétrica ficou R$ 16,7 milhões mais cara entre janeiro a agosto para os moradores de Ribeirão Preto e cidades vizinhas, no interior paulista.
Em todo 2018, o valor extra chegou a R$ 57 milhões.
Motivo da alta
O motivo dessa cobrança foi a necessidade de usar energia gerada por termelétricas.
Neste mês de novembro, as contas de energia voltaram a ter a cobrança extra da bandeira vermelha patamar 1. Sendo assim, o consumidor vai pagar R$ 4,169 a mais para cada 100 quilowatts-hora (kWh) utilizados.
Nesse cenário, a energia gerada pelo setor sucroenergético colabora para “aliviar” o orçamento das famílias brasileiras, principalmente, nos meses mais secos.
De janeiro a setembro, a geração de energia a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar para o Sistema Interligado Nacional (SIN) foi de 16.583 GWh.
Importante destacar que 84% dessa produção aconteceu no período mais seco e crítico para o setor elétrico, que compreende os meses entre maio a novembro.
Segundo o gerente de bioeletricidade da UNICA, Zilmar Souza, essa participação tem contribuído, por exemplo, para que a bandeira não esteja no patamar 2.
Em meses como novembro, isso significaria um acréscimo de R$ 6,243 para cada 100 kWh consumido.
Desde a implantação, em 2015, o Sistema de Bandeiras Tarifárias já arrecadou mais de R$ 33 bilhões das contas
Somente em 2018, os consumidores pagaram R$ 6,9 bilhões a mais nas contas de luz, referente ao acionamento das bandeiras tarifárias.
Por outro lado, no ano passado, 83% da bioeletricidade sucroenergética foi ofertada para a rede justamente quando a bandeira tarifária esteve amarela ou vermelha.
Isso mostra como é estratégica esta energia renovável, sustentável e não intermitente para o sistema elétrico brasileiro.
Levantamento realizado pela UNICA aponta que, até setembro deste ano, o consumidor de energia elétrica no Brasil já pagou R$ 2 bilhões a mais do que o previsto inicialmente em suas contas de energia.
Neste ano, de janeiro a abril, e em junho, a bandeira tarifária esteve na modalidade verde, quando não há cobrança extra na conta.
Em maio e julho, a bandeira tarifária esteve amarela e, em agosto e setembro, vermelha, patamar 1.
Dos 16.583 GWh gerados pelo setor sucroenergético para o SIN, entre janeiro e setembro, um total de 11.186 GWh (67,5%) foi produzido nos meses de maio, julho, agosto e setembro, quando as bandeiras tarifárias eram amarela ou vermelha.
Os dados de geração de outubro ainda não estão disponíveis.
“Aproveitamos apenas 15% do potencial da bioeletricidade da cana, ou seja, podemos gerar quase 7 vezes a nossa oferta atual, o que representaria atender 30% do consumo de energia elétrica no Brasil e uma conta mais barata para o consumidor final”, afirma Souza.
Como funciona o sistema de bandeiras
A bandeira tarifária de cada mês leva em conta a previsão de geração hidráulica e os custos relacionados ao chamado risco hidrológico (GSF – Generation Scaling Factor).
Um mês em que se aponta vazões afluentes aos principais reservatórios abaixo da média, repercute diretamente na capacidade de produção das hidrelétricas, e eleva os custos referentes ao risco hidrológico (GSF).
Essa conjuntura demanda elevação do acionamento de termelétricas convencionais mais caras, com consequências diretas sobre o preço da energia no mercado de curto prazo (PLD – Preço de Liquidação das Diferenças).
O PLD e o GSF são as duas variáveis que determinam a cor da bandeira a ser acionada a cada mês, bus
cando-se sinalizar o custo real da energia gerada e possibilitando aos consumidores o bom uso da energia elétrica.
Por isso, a importância de fontes de geração que servem como “reservatórios virtuais” para as hidrelétricas.
Em 2018, a bioeletricidade ofertada para a rede, pelo setor sucroenergético, foi de 21,5 mil GWh.
Trata-se de uma geração equivalente a ter poupado 15% da energia armazenada sob a forma de água nos reservatórios das hidrelétricas do submercado Sudeste/Centro-Oeste, por conta da maior previsibilidade e disponibilidade da bioeletricidade.
“Dessa forma, todo ano, a oferta de bioeletricidade ocorre predominante no período seco, melhorando as condições de suprimento no setor elétrico e, portanto, contribuindo para evitar o acionamento das bandeiras tarifárias mais dispendiosas”, destaca o gerente de bioeletricidade da UNICA, Zilmar Souza.
Em 2019, a bioeletricidade ofertada pelo setor sucroenergético para a rede, entre janeiro e setembro, já é de 16,6 mil GWh.
Significa uma economia do equivalente a 11% da energia elétrica associada ao volume total armazenado nos reservatórios do submercado Sudeste/Centro-Oeste.
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