Mercado

UM LEGADO DE PRODUTORES

Herdeiro do legado do avô e do pai, o produtor Luís Otávio Jatobá conta em entrevista quais os caminhos e desafios que fazem do cultivo de cana da família o maior de Alagoas

UM LEGADO DE PRODUTORES

Na década de 1960, o advogado, Luiz Jatobá Filho, hoje com 81 anos, iniciou uma trajetória de sucesso cultivando cana-de-açúcar em São Miguel dos Campo (AL), dando assim origem ao Grupo Luiz Jatobá. Sua paixão pela gramínea foi transferida para o filho e, nos anos de 1980, Luiz Antonio Jatobá, atualmente com 55 anos, assumiu o legado e a responsabilidade do pai de investir e ampliar o negócio.

Décadas mais tarde o apreço pelo cultivo da cana foi novamente herdado, agora por Luís Otávio Jatobá, de 31 anos. Formado em Direito, o jovem acredita que a exemplo do avô e do pai, também nasceu para produzir cana: “Sou de uma família de produtores. Então posso dizer que já sou produtor desde que nasci!”.

Avô, pai e neto participam ativamente dos negócios até hoje, mas cabe atualmente a Luís Otávio, o desafio de perpetuar a herança para as próximas gerações. O segmento agrícola do grupo, é nada menos que o maior produtor de cana-de-açúcar do Estado de Alagoas.

Ampliando a área cultivável, investindo em tecnologia de irrigação, introduzindo processos automatizados e operando com equipe especializada, a safra 2018/19 fechou com 330 mil toneladas de cana produzidas com produtividade de 82 TCH. Os investimentos continuam crescendo e devem levar a produção para a casa dos três dígitos, garante Jatobá. “Fecharemos a safra 2019/20 com 430 mil toneladas e produtividade de 95 TCH, mas nosso objetivo para a 2020/21 é cultivar 500 mil toneladas com produtividade de três dígitos”.

O jovem produtor explica, com a maturidade de um veterano, que na corrida para verticalizar a produtividade e alcançar esses objetivos, o uso da nutrição via folha é imprescindível, uma vez que cresce e está sendo compartilhado na mesma calda de aplicação dos inseticidas. Para tanto o produtor conta com o suporte de empresas especializadas na área, como, por exemplo, a Ubyfol.

Na entrevista a seguir Luís Otávio Jatobá fala sobre os fatores de sucesso no cultivo da cana, as vantagens e desafios da gestão familiar e os fatores para alcançar alta produtividade. Confira:

JornalCana — Quais são os fatores que determinam o sucesso na produção da cana-de-açúcar?

Luís Otávio Jatobá — Um dos fatores mais importantes é que a equipe de campo esteja comprometida com a empresa para que tudo ocorra conforme foi planejado.

Quais são as vantagens de uma gestão familiar?

Sou a terceira geração de produtores da família e posso dizer que tenho dois professores com os quais aprendo todos os dias, que é meu pai e avô. Acredito que em uma gestão familiar acelera a decisão, pois quem decide vive o dia-a-dia do negócio. Isso é importante em um mercado competitivo, como o da cana.

Quais são as estratégias para engajamento da família nos negócios?

Olha, sempre fui estimulado pelo meu pai e avô a participar e estar presente na nossa atividade. Essa parte eles fizeram bem. Porém, acredito que é preciso gostar do que faz. Esse é o segredo para que as coisas aconteçam.

O que é mais difícil no processo de sucessão?

Meu pai diz que eu nasci velho, porque convivo diariamente com ele e meu avô, logo tenho a soma da experiência dos dois. Então o maior desafio é errar o mínimo possível. Hoje às margens estão menores, a competitividade maior e o mercado mais agressivo. Quem não for competente não se estabelece.

Qual a importância da produtividade agrícola no processo produtivo?

Os custos de produção estão muito altos. Para se ter uma ideia 25% do custo de produção de 1 kg de açúcar vem da indústria e 75% da matéria prima. Então, produzir cana é caro e requer muito profissionalismo. Portanto, é fundamental produzir mais na mesma área. Só assim podemos ser competitivos e diminuir custos.

Quais fatores refletem na manutenção das altas produtividades dos canaviais?

Primeiro, trabalhar para fazer uma base bem feita. Isso envolve uma correção de solo com uso de calcário e gesso. Depois, buscar uma adubação de macro nutriente via solo que supra a necessidade da planta. Segundo, investir em irrigação. Tendo em vista que estamos no Nordeste e a instabilidade climática é muito alta, encontramos na irrigação essa solução. Terceiro, a nutrição complementar via folha, que fornece para a planta micro nutrientes que são fundamentais para as altas produções. A soma desses fatores que determinam a produtividade!

Qual a relevância da nutrição complementar via folha?

A nutrição via folha é a “cereja do bolo”. Quando iniciamos a tecnologia nas nossas áreas medimos e acompanhamos todas as áreas aplicadas x testemunha. Com isso podemos ver o que a tecnologia realmente entrega para o produtor. Outro fator importante que vale frisar é que não existe uma fórmula de bolo. Cada fazenda tem sua realidade e precisamos ajustar as aplicações de acordo com o que a planta precisa.

Que benefícios extras a usina observa no uso da nutrição complementar?

Entendemos a nutrição complementar via folha atuando de forma fisiológica na planta, quando se tem essa visão você começa a entender todos os benefícios que esse tipo de nutrição realiza no ciclo da planta. Temos situações onde a planta fica mais resistente a praga e doenças, em outros casos se consegue deixar a planta mais resistente ao stress hídrico. Enfim, se tem uma série de situações que a nutrição complementar via folha auxilia o produtor.

Há uma receita para o sucesso produtivo?

Sim. Persistência!

O que caracteriza um produtor de sucesso hoje?

Antigamente se tinha um conceito de que aquela pessoa que não estudou tinha que ir para o campo. Hoje essa realidade mudou por completo. Para se estabelecer no campo você tem que estudar, e muito! Precisa estar com a mente aberta para a aplicação das novas tecnologias com o objetivo de aumentar a produtividade sem esquecer dos custos.

Confira a matéria na edição 310 do JornalCana – Página 22

Banner Evento Mobile