Assim como a família Ancheschi, a Lovato também tem tradição na produção de cana em Sertãozinho. Carlos Roberto Lovato, de 58 anos, começou a transportar cana e entrou na produção há 35 anos. Agora, quem cuida de tudo são os filhos Lovato Jr., agrônomo de 26 anos, e Carlos Américo Sicchieri, técnico agrícola, de 28. Na última safra, produziram 18.500 toneladas em 242 hectares, em seis propriedades. Plantamos, cuidamos e tratamos. A usina só colhe, diz Lovato Júnior.
Carlos Américo, que há dez anos está à frente dos negócios da família, destaca a importância de ter profissionais da Canaoeste dando suporte, além da própria Orplana. Quando há alguma variedade nova de cana, reformamos gradativamente o canavial e observamos o desempenho, diz Carlos Américo, que é quem negocia diretamente com as usinas, mas utiliza o suporte de sua associação. Hoje, se não planejar e fizer contas, fica difícil, diz ele, acrescentando que o setor sucroalcooleiro pode estar numa boa fase, mas que a expansão também traz suas conseqüências. Não é mais a galinha dos ovos de ouro. As famílias Lovato e Ancheschi ainda produzem amendoim, mas arrendam áreas de terceiros, não mexendo nas próprias, destinadas à cana.
PARCERIAS
A Orplana é importante auxiliar para o setor produtivo, principalmente para os pequenos.
Ela representa as associações e atua na assessoria política com os governos federal, estadual e municipal em busca de melhores condições para o setor e também mantém parcerias com instituições de pesquisa, como o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e outras universidades, buscando a difusão de novas variedades de cana aos produtores. Foi a pesquisa que levou o setor a dar esse salto desde a década de 70 e não podemos prescindir disso, afirma Ortolan, informando que, por exemplo, 12 das 22 associações são filiadas ao CTC.
José Guidi, de 77 anos, é outro que apostou na cana-deaçúcar, há 30 anos. O algodão fracassou e a cana foi a melhor opção que tinha na época, conta ele, que, na Fazenda Vista Alegre, em Barrinha, que também explora turismo rural e gado de leite, sua família produziu 10 mil toneladas na última safra, em 135 hectares. Mas Guidi já se afastou dos negócios há 15 anos. Quem cuida de tudo é a filha, a zootecnista Maria Teresa, de 40 anos. O cunhado Ricardo Pinotti cuida da área de campo, no canavial, e o sobrinho dela, Samuel Guidi Pinotti, de 23 anos, filho de Ricardo, também já começa a se inteirar da administração do negócio da família.
A área de plantio da família Guidi vai diminuir 48 hectares em breve, pois parte dela é de várzea e problemas ambientais devem impedir novos plantios. Vamos ficar no que está, diz Maria. De quatro em quatro anos percebemos que a cana dá uma caída, comenta ela, esperando que isso não ocorra mais. Em época de crise seria melhor arrendar a área, mas quando o setor está bom a vantagem é produzir, avisa ela, a responsável, pela família, por negociar os preços com os usineiros. A negociação depende muito do mercado, hoje menos aquecido em função da queda do dólar. Embora Guidi tenha feito uma experiênca com cana na década de 60 e retornado há 30 anos no ramo, os seus dez irmãos já plantaram cana, além de alguns dos sobrinhos.