Mercado

Natek produz curativo a base de cana-de-açúcar

Um tratamento alternativo para queimados e feridos, que tem como matéria-prima principal a cana-de-açúcar e foi batizado de Veloderm, é a aposta da paraibana Natek para ganhar espaço no mercado nacional. A empresa nasceu há dois anos, quando fechou um acordo com a italiana BTC para o desenvolvimento de pesquisa nessa área. O grupo italiano investiu cerca de US$ 1,5 milhão no projeto e atualmente as pesquisa incluem o uso da nova tecnologia em tratamentos odontológicos e contenção de hérnias abdominais. A licença mundial já foi negociada com a suíça APR.

A parceria já permitiu iniciar as exportações para a Itália. “Queremos agora ganhar o mercado nacional além de ampliarmos nossa participação no exterior”, afirma o gerente geral e um dos dois sócios da Natek, André Souza. Segundo ele, o faturamento da empresa, que no ano passado foi de cerca de R$ 500 mil, deverá chegar a R$ 1,8 milhão. O outro sócio é o engenheiro Frederico Lemke.

A Paraíba é o terceiro maior produtor regional de cana-de-açúcar. Os testes desenvolvidos na Itália – em hospitais especializados que vão desde a cirurgia plástica ao tratamento de queimaduras de segundo grau – apontam que o produto não apresenta risco de rejeição e, após sua aplicação, chegam a durar até 30 dias sem a necessidade de troca do curativo. A redução de custos com medicamentos e acessórios é outra vantagem. “A redução de custos durante o tratamento é significativa. Além disso, o tempo de cura chega a ser entre 20% e 30% menor que o de um tratamento convencional”, diz Souza.

O diretor da BTC, Massimo Bragantini, conta que, somente na Itália, as chamadas feridas difíceis movimentam anualmente mais de ? 80 milhões. Com dois anos de comercialização naquele mercado, o Veloderm deve registrar em 2005 um volume de vendas em torno de ? 350 mil. O grupo italiano teve um faturamento de ? 300 mil no ano passado e estima atingir ? 1 milhão.

De acordo com Massaro Chiba, diretor da FVL Consórcio e Distribuição, empresa escolhida para distribuir o Veloderm no país, o produto conseguiu o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no final do ano passado e já está sendo negociado com alguns distribuidores nacionais. Segundo ele, a comercialização em todo o território nacional deverá ocorrer nos próximos seis meses. Hoje o Veloderm está sendo testado pelo Hospital das Clínicas em São Paulo e algumas outras unidades hospitalares do Sul do país. A venda para outros países da América do Sul deverá ocorrer em dois anos.

Bragantini diz que a suíça APR pagou ? 1,5 milhão pela aquisição da licença mundial. O contrato, porém prevê, que toda a produção seja feita pela brasileira Natek. Já a comercialização na Itália e na América do Sul fica sob responsabilidade da BTC e FVL, respectivamente. O potencial do Veloderm já está levando a Natek a preparar uma futura expansão. Com uma capacidade instalada de 200 mil películas/mês, a empresa utiliza apenas 20% deste potencial. “Se tudo correr como esperamos deveremos dobrar nossa capacidade instalada nos próximos dois anos”, diz Souza.