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Ônibus híbridos a hidrogênio serão testados em São Paulo

São Paulo servirá de teste para a eficiência de cinco ônibus elétricos híbridos de célula a combustível alimentada por hidrogênio. Esses veículos se diferem dos convencionais pelo combustível usado, pelos seus sistemas de conversão de energia e de acionamento e não poluem localmente porque emitem para a atmosfera somente vapor d’água.

O programa experimental, previsto para ser iniciado daqui a 12 ou 18 meses, está sendo desenvolvido conjuntamente pelos Ministérios das Minas e Energia, da Ciência e Tecnologia e EMTU – Empresa Municipal de Transporte Urbano com o apoio do GEF – Global Environment Facility, organização independente que financia projetos em países em desenvolvimento que beneficiem o meio ambiente e promovam o desenvolvimento sustentado em comunidades locais.

De acordo com o coordenador geral de Tecnologias Setoriais do Ministério da Ciência e Tecnologia, Cláudio Judici, os testes com ônibus híbridos de célula a combustível representam uma das redes de pesquisa do Procac – Programa Brasileiro de Sistemas Célula a Combustível -, que consiste num conjunto de propostas para subsidiar projetos de pesquisa e desenvolvimento junto a esta área, considerada atualmente a forma mais moderna e limpa de produção de energia.

Iniciado em 2001, o Procac tem recebido do Governo Federal investimentos de aproximadamente R$ 10 milhões por ano. Um valor ínfimo, se comprado aos investimentos realizados em todo o mundo em programas semelhantes. O programa experimental com ônibus híbridos de célula a combustível tem por finalidade a avaliação prática dos diversos aspectos do uso dessa nova tecnologia: a produção, distribuição e armazenamento do hidrogênio e a operação dos veículos em condições reais.

Cláudio Judici estará participando do 3o Seminário e Exposição de Veículos Elétricos (VE 2005), que o INEE – Instituto Nacional de Eficiência Energética realizará nos dias 17 e 18 de maio, no Blue Tree Convention Center Ibirapuera, em São Paulo (Av. Ibirapuera, 2.927), para explicar sobre as redes de pesquisa em andamento que buscam viabilizar o desenvolvimento de tecnologia nacional de sistemas célula a combustível (CaC), habilitando o Brasil a tornar-se produtor internacionalmente competitivo nessa área.

O objetivo do seminário é reunir especialistas e tomadores de decisão do setor para a análise e discussão dos rápidos progressos dos veículos elétricos no mundo e sobre os caminhos para acelerar o uso deste tipo de veículo no Brasil. Combustível do futuro

As células a combustível são dispositivos eletroquímicos que convertem um combustível, em geral o hidrogênio, diretamente em energia elétrica. Em todo o mundo os cientistas são praticamente unânimes que elas são os equipamentos de geração de energia do futuro. As previsões mais otimistas são de que o hidrogênio para a produção de energia elétrica a partir de células a combustível esteja no mercado em aproximadamente 10 anos.

De acordo com Claudio Judici, o Brasil é signatário do IPHE – International Partnership for the Hydrogen Economy – um programa de cooperação internacional, criado em novembro de 2003 e capitaneado pelos Estados Unidos, que visa organizar as atividades de pesquisa, desenvolvimento e inserção no mercado do hidrogênio e células a combustível com o fim de antecipar a entrada em vigor da chamada “economia do hidrogênio”. “Nossa intenção é defender os interesses brasileiros”, diz.

Nova realidade

Em várias cidades da Europa, dos Estados Unidos, Canadá, Japão e de outros países estão em andamento avaliações do uso de ônibus de células a combustível em condições de tráfego reais.

Na Califórnia, o projeto California Fuel Cell Partnership, iniciado em 1999, uniu companhias de automóveis e fornecedores de combustíveis para demonstrar os veículos movidos por células a combustível sob condições reais de dirigibilidade para preparar o mercado da Califórnia para esta nova tecnologia. Este trabalho de cooperação, que tem por objetivo encorajar a comercialização dos veículos CaC, deverá ser realizado até 2007 quando são estimados 300 carros e ônibus utilizando a tecnologia como parte do programa.

A empresa japonesa Mazda, pertencente a Ford Motor Company, também investe na pesquisa e no desenvolvimento da tecnologia da célula a combustível. O primeiro protótipo, o Mazda Demio, foi finalizado em 1997. Depois veio o Mazda Premacy FC-EV e, em 2001, a van Premacy, que teve sua utilização em vias públicas aprovada pelo governo japonês. Bastante otimistas, a General Motors anunciou o lançamento comercial de seu carro de célula a combustível em 2010 e a DaimlerChrysler, que possui a maior frota mundial de carros e ônibus de célula a combustível em circulação nas vias públicas de várias cidades dos diversos continentes, disse recentemente que seu carro de célula a combustível poderá ser comprado a partir de 2012.

Já a Vectrix, que está preparando para lançar internacionalmente no final deste ano ou no início de 2006 sua motoneta elétrica a bateria VXe, está trabalhando com versões de célula a combustível alimentada a hidrogênio e a metanol.