A Prefeitura de Varginha, em Minas Gerais, está implantando um projeto-piloto para a produção do biodiesel a partir do óleo de mamona. Os agricultores estão animados.

Na cidade que fica no sul de Minas Gerais, o cultivo começou há dois anos e atualmente ocupa 100 hectares. Os produtores recebem as sementes da Prefeitura que compra o quilo da mamona por R$ 1,50.

A expectativa em 2.004 é de que sejam colhidas cerca de 120 toneladas. No total, já são 14 produtores na região que vêm na mamona uma fonte de renda alternativa. “Eu plantei para ajudar o solo que tem problema de nematóide e assim salvar minha lavoura de café. Mas ajudou também a complementar o preço do café que estava baixo”, afirma o agricultor Leonísio Regun.

A agricultora Gilda Tavares começou a cultivar mamona neste ano. Ela tem um hectare plantado. “Nós optamos pela mamona porque a gente tem visto outros agricultores com resultados bons. E eu estou fazendo uma experiência para ver se consigo um bom resultado”, diz ela.

O incentivo da Prefeitura tem como objetivo produzir biodiesel que é um combustível vegetal. Os grãos da mamona depois de seco passam por uma máquina para serem descascados. Daí será extraído o óleo.

Uma usina emprestada pela Universidade Federal do Ceará está fabricando biodiesel de forma experimental. O equipamento tem capacidade de produzir 20 mil litros do produto por mês. “Minas Gerais deverá ter duas grandes plantas e Varginha vai ser uma delas. E assim poderemos atender o Estado de Minas Gerais como um todo”, diz Joadylson Ferreira, secretário de agricultura de Varginha.

Depois de pronto, o biodiesel é misturado ao óleo diesel. São 2 litros do produto para cada 100 litros de óleo diesel, quantidade que não exige nenhuma modificação no motor dos veículos. Em Varginha, apenas a frota da Prefeitura está sendo abastecida. Por enquanto, a dificuldade em usar o biodiesel em grande escala está no custo de aproximadamente R$ 2,00 por litro. Mias caro que o diesel que custa em média R$ 1,45.

De acordo com o professor Luiz Augusto Horta da Universidade Federal de Itajubá (MG), o biodiesel ainda não é viável economicamente. “Ele é caro sob dois pontos de vista. O primeiro é quando comparamos o preço do biodiesel com o preço do diesel que é vendido nos postos. A outra razão é que o óleo vegetal se for vendido como tal vale 3 vezes mais do que o diesel”, explica ele.

O Ministério da Agricultura discorda desta visão. “O Etanol – o álcool – quando foi inventado também era mais caro que a gasolina. Não devemos analisar só o custo do produto. Por exemplo, ele irá gerar muitos empregos.

Além disso, trará desenvolvimento regional e integração a imensas populações ao mercado consumidor. Há inúmeras vantagens no produto que compensam o custo de produção”, afirma o Ministro da Agricultura Roberto Rodrigues.

“O biodiesel é estratégico para o país. Não podemos mais depender, como todo o resto da humanidade, de um único produto: o petróleo que vai acabar. E a agricultura é uma resposta para isso”, completa ele.

O Ministério das Minas e Energia estuda formas de incentivo fiscal para a produção de biodiesel. A idéia é misturar até 2% de óleo vegetal ao diesel, já a partir do ano que vem.